“Sabíamos, desde o primeiro dia, que nenhuma das suspeitas lançadas era verdadeira”, diz Paulo Portas, no seu primeiro comentário sobre o arquivamento da investigação à compra dos submarinos, pela qual foi responsável em 2004, quando era ministro da Defesa. Na mensagem de ano novo que enviou esta quinta-feira aos militantes do CDS, Portas inclui “uma palavra especial à gente do CDS ” – dois parágrafos sobre a investigação que, ao longo de quase uma década, o colocou sob suspeita.
“Durante 10 anos, a instituição [CDS], os seus dirigentes, os seus funcionários e eu próprio, fomos insultados, difamados e atacados, sempre sob a forma de insinuação e sem qualquer respeito pela independência e pela verdade da investigação judicial. Ao longo desses 10 anos, aguentámos tudo com uma assinalável sobriedade. Porque acreditamos na separação entre o que é Política e o que é Justiça, e porque sabíamos, desde o primeiro dia, que nenhuma das suspeitas lançadas era verdadeira”, escreve Portas, sublinhando que, depois do arquivamento do caso, “mantemos a sobriedade”.
No texto, o líder do CDS sublinha, porém, três pontos do despacho de arquivamento que, em sua opinião, não foram “suficientemente” destacados:
– “o despacho do Ministério Público conclui que não houve favorecimento a nenhum dos concorrentes”;
– “que não há qualquer fundamento para exercer ação penal contra o então Ministro da Defesa Nacional”
– “que as comissões comerciais, ou pagamentos entre empresas, têm nomes e têm números, sem qualquer relação com a política , não tendo existido qualquer benefício para o Partido ou para os seus dirigentes”.
Feitos estes sublinhados, Portas parte para um ataque aos seus adversários, para quem “nunca foi a Justiça que esteve em causa: combatem o CDS de qualquer forma e de qualquer jeito. Nunca quiseram o CDS no regime, e querem o CDS fora do Governo”.
“É isto e não é mais do que isto”, conclui Portas, passando ao lado das pontas que o despacho de arquivamento deixa soltas, como a acusação de que o então ministro da Defesa “excedeu o mandato” que lhe tinha sido dado pelo Governo e dirigiu um negócio “opaco”, com ilegalidades administrativas.
RE