Presidenciais russas: quatro perdedores corajosos

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O primeiro-ministro da Rússia vai, segundo todas as sondagens, voltar a ser Presidente do maior país do mundo. Vale a pena, porém, conhecer os quatro homens que se atreveram a desafiá-lo.

Cerca de 110 milhões de russos vão a votos, domingo, para escolher o seu próximo Presidente. O sucessor de Dmitri Medvedev deverá ser, segundo as sondagens, o homem a quem aquele sucedeu há quatro anos: Vladimir Putin. O atual primeiro-ministro irá voltar ao Kremlin, onde cumpriu dois mandatos entre 2000 e 2008. Desta vez, o prazo foi alargado. O Presidente passa a ser eleito por seis anos, o que dá a Putin a possibilidade, caso repita a dose, de ficar no poder até 2024.

Apesar da quase unanimidade das sondagens em prever uma vitória à primeira volta, nunca Putin foi tão contestado como atualmente. Após as eleições legislativas de dezembro último – ganhas pelo seu partido, Rússia Unida -, milhares de pessoas em todo o país participaram em manifestações contra o chefe do Governo e a sua perpetuação no poder. A opinião pública considera que Putin nunca largou as rédeas do país e gozou sempre da lealdade de Medvedev, que só foi Presidente porque a Constituição não permite um terceiro mandato consecutivo. É certo que ambos combinaram, há anos, a alternância na presidência e na liderança do Executivo. Medvedev vai ser o primeiro-ministro de Putin.

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Os estudos de opinião mais recente preveem 49 a 55% dos votos para Putin, o que, sendo animador para o candidato, fica longe dos 71% que obteve nas últimas presidenciais a que concorreu, em 2004. Os restantes quatro aspirantes (de entre dezenas de candidatos, a maioria dos quais não conseguiu formalizar a candidatura) dificilmente alcançam os dois dígitos.

 

Vladimir Putin

O homem que Boris Ieltsin escolheu para delfim, em 1999, reforçou a autoridade da presidência e adotou uma postura nacionalista e de recuperação do prestígio da Rússia no palco internacional. Ainda na campanha eleitoral em curso prometeu não permitir que ninguém “se meta nos assuntos da Rússia”. Aos 59 anos é primeiro-ministro, após dois mandatos na chefia do Estado. Antigo agente secreto do KGB, deverá vencer à primeira volta, sem dificuldade. No entanto, e dado que os números das sondagens não são arrasadores, como noutras eleições, recusou-se a participar em debates.

 

Guenadi Ziuganov

O líder do Partido Comunista Russo candidata-se às presidenciais pela quarta vez, mas os estudos de opinião colocam-no abaixo dos 18% conseguidos em 2008, situando-o entre os 9 e os 11%. Físico de formação, tem 67 anos e lidera os comunistas desde 1993 e, no ano passado, pediu a “reestalinização” do país. Apesar de a sua força política ser a maior da oposição, tem apoiado alguns dos projetos de lei de Putin no Parlamento, onde Ziuganov é deputado.

 

Vladimir Jirinovski

O mais veterano dos candidatos apresenta-se pela quinta vez. Vice-presidente do Parlamento, lidera, desde 1990, o Partido Liberal Democrata – o primeiro a surgir na Rússia pós-soviética, onde só existia o Partido Comunista. Jirinovski, de 65 anos, é uma personagem controversa que lança piadas de gosto duvidoso e comentários racistas, além de ser dado a confrontos físicos com adversários políticos. Em campanhas anteriores ofereceu aos eleitores roupa interior e garrafas de vodca. Doutorado em Filosofia, nacionalista, nos anos 1990 defendia que a Rússia anexasse as ex-Repúblicas soviéticas e grande parte da Europa de Leste.

 

Mikhail Prokhorov

Este bilionário de 46 anos é o candidato surpresa das presidenciais de domingo. Uma semana antes de anunciar que concorria, considerou Putin “a única pessoa capaz de gerir esta máquina estatal ineficaz”. Agora, quer ser ele a geri-la. Se hoje é adversário do líder, em tempos chefiou o partido Causa Justa, criado pelo Kremlin para simular uma postura democrática. Com 4 a 6% nas sondagens, argumenta que é imune à corrupção, pos tem fortuna própria, conquistada durante a era dourada dos oligarcas, nos anos 1990. Segundo a revista Forbes, Prokhorov é o 32.º homem mais rico do mundo. Foi o único independente a conseguir formalizar a candidatura, feito mais difícil para quem não tem o apoio de um partido.

 

Sergei Mironov

O líder do partido Rússia Justa tem 58 anos e é visto como um “opositor controlado” de Putin. A sua formação subiu de 38 para 64 deputados nas eleições de dezembro e Mironov diz que isso se deveu ao facto de o Rússia Unida, de Putin, ser “o partido dos bandidos e ladrões”. De posições próximas da social-democracia, foi candidato às presidenciais de 2004, nas quais obteve menos de 1% dos votos. Agora, as sondagens atribuem-lhe 4 a 6%.

 
JA/Rede Expresso
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