Produtores de sal marinho à mercê das grandes superfícies

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O grupo parlamentar do PCP questionou, recentemente, o Ministério da Economia sobre as medidas implementadas ou a implementar para apoiar a produção de sal marinho no Algarve e noutras regiões do país.

Segundo os comunistas, “existem sérios constrangimentos ao desenvolvimento do setor de produção de sal marinho, relacionados com o escoamento para o mercado nacional”.

“Efetivamente, as grandes superfícies comerciais, que controlam grande parte do mercado nacional, praticam uma inaceitável política de esmagamento de preços, diminuindo as margens de lucro dos produtores para valores incomportáveis que impedem o investimento na expansão e modernização do setor e até podem colocar em risco a sua própria sobrevivência”, denuncia o PCP, alertando para o perigo que a “ditadura” das grandes superfícies representa para a sustentabilidade da produção nacional. “Exige-se que o Governo adote medidas que ponham fim a práticas abusivas por parte das grandes superfícies comerciais”, sublinham os deputados.

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A solução encontrada pelos produtores de sal marinho algarvios para contornar esta situação tem sido a canalização de parte da produção para a exportação. “Contudo, apesar de o sal marinho regional, assim como a flor de sal (ou até produtos inovadores como o sal líquido), serem muito apreciados noutros países devido à sua elevada qualidade, o incremento das exportações é dificultado pela ausência de uma política governamental consistente de apoio à exportação de produtos nacionais”, lamenta o PCP, exigindo também aqui uma intervenção do Governo na divulgação e promoção do sal marinho nacional nos mercados externos.

“Existe um significativo potencial de expansão na região”

Estas questões foram dirigidas ao Ministério da Economia após uma delegação do PCP ter reunido com diversas entidades ligadas à produção de sal marinho na região.

No final, os responsáveis realçaram que o Algarve apresenta condições “muito favoráveis” para a produção de sal marinho, tendo sido responsável, em 2013, por cerca de 95% da produção nacional (86.545 das 91.282 toneladas produzidas no país).

“Apesar de a maior parte do sal marinho ser produzido por métodos industriais, o sal marinho artesanal tem vindo a ganhar expressão, em resultado da recuperação de salinas tradicionais na Ria Formosa e na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António”, adiantam.

Assim, os responsáveis salientam que “existe um significativo potencial de expansão desta atividade produtiva na região algarvia”, sendo de esperar que diversas salinas que foram abandonadas no passado (principalmente nos anos 70 do século XX), possam ser recuperadas, aumentando significativamente a área de produção.

“Apesar de estas salinas se encontrarem em áreas protegidas (Ria Formosa e Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António), a sua reativação não colide, de forma alguma, com a conservação da natureza e a defesa da biodiversidade. Pelo contrário, tal como nos foi garantido por responsáveis da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, as salinas, embora sejam um habitat artificial, constituem verdadeiros santuários de biodiversidade, permitindo um equilíbrio notável entre o aproveitamento económico de um recurso e a conservação de valores naturais”, concluem os deputados do PCP.

NC/JA

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