Publicidade grátis não é para todos

Porque me dava jeito, fiz uma prospecção de mercado para ficar uma noite numa unidade hoteleira do barlavento algarvio. Não era para Agosto (nem fim-de-semana) e o hotel em causa, apesar de menos mau não era um cinco estrelas daqueles de encher o olho. Pois nem vos confesso (para não se rirem) o preço estratosférico que o Booking me propôs, tão pornográfico que cliquei, saí da página e voltei a entrar, só para saber se aquilo era mesmo verdade; era! Gostava de saber se os bifes que enxameiam os nossos estabelecimentos hoteleiros, pagam por uma semana o que eu pagaria por dois dias se, claro, fosse futebolista dias antes de emigrar para a Arábia Saudita. O que vos digo é que se lembrem do choro compulsivo dos nossos profissionais da restauração e hotelaria, por alturas do pós pandemia, quando esta ainda não tinha abandonado completamente as paragonas dos jornais: precisavam de nós, e de repente eram os nossos maiores amigos. Ouvi juras de amor eterno, que o turista português é do melhor que há, vamos cá fazer umas promoções. Mas dois aninhos depois, as boas intenções foram às urtigas e precisamos de assaltar uma ourivesaria para ficarmos num turismo rural (ainda se chama assim?), no Alentejo. Se formos, por exemplo, à Madeira ou aos Açores, comer fora só em último caso, porque nos levam couro e cabelo. No nosso Algarve, jantar anda pelas horas da morte; deve ser do IVA zero, ou para recuperar caminho, depois da pandemia de que vos falei. Deve ser o caso do hotel que andei a pesquisar. Pois também é verdade que hoje há tanta coisa, que havendo dinheiro na algibeira, não falta cama, mesa e roupa lavada e as nossas televisões generalistas tratam de nos informar disso, principalmente sobre as possibilidades que temos de passar o fim-de-semana – naquilo que eles chamam um paraíso – praticamente desconhecido e que assim tratam de acabar com ele. No entanto tenho aqui que notar um pequeno pormenor: enquanto que a SIC, TVI o CMTV, podem fazer os programas que lhe apetecem, porque basicamente tudo aquilo é publicidade pura e dura, a RTP não o devia fazer, talvez porque exista uma taxa de radiodifusão. Os programas são bem feitos e apetece lá ir, mas um canal estatal não pode atirar aquilo para o ar e pôr-se ao fresco. Querem fazer uma série sobre restaurantes e hotéis, têm que dizer o que está bem e o que não é lá grande chouriço. Como os meus amigos sabem, não é preciso andar com uma candeia acesa para descobrir insuficiências, no sentido literal e relativo, em relação ao que se paga sobre o que se dorme ou come. Dir-me-ão que dessa forma (dizendo que o serviço é demorado e incompetente, só para lhes dar um exemplo, ou que a posta de peixe não cabia na cova de um dente) ninguém quererá ver a televisão lá no restaurante. Provavelmente estou a ver mal as coisas, paciência!

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