Filho e neto de comandantes é apontado como o principal responsável por um dos maiores desastres marítimos da história italiana
.
Francesco Schettino, casado e pai de uma filha, é por estes dias “o homem mais odiado de Itália”. É assim que o “Corriere della Sera” se refere ao comandante do “Costa Concordia”, nascido há 51 anos na cidade costeira de Castellammare di Stabia, perto de Nápoles.
Apesar de ter começado por estudar engenharia eletrotécnica, falou mais alto a tradição familiar – pai e avô também foram comandantes – e uma curta experiência como marinheiro durante as férias escolares, tendo mudado para engenharia naval.
Iniciou a sua carreira profissional em navios de passageiros, tendo mudado, posteriormente, para navios da marinha mercante.
Numa entrevista concedida em 2010 ao jornal checo “Dnes” , Schettino conta que tinha um bom vencimento, mas que era apenas mais um elemento da tripulação, sem perspetivas de carreira.
Vai daí, decidiu aceitar o convite de uma companhia francesa para comandar navios oceânicos. Mas a empresa acabaria por falir, transferindo-se, em 2002, para a Costa Cruises, os donos do “Costa Concórdia”, como oficial de segurança. Em 2006, foi promovido a imediato do comandante, o homem que assume a liderança na ausência do principal responsável pelo navio.
Da teoria à prática
Durante a entrevista ao “Dnes”, Francesco Schettino, mostrava-se muito confiante nos meios tecnológicos disponíveis nos navios modernos: “Graças à tecnologia atualmente disponível e à Internet, é mais seguro navegar. Se ocorrer um erro, não é fatal, porque estamos mais preparados para possíveis complicações. Através da Internet sabemos o estado do tempo nos portos para onde nos deslocamos. É mais fácil tomar decisões importantes.”
Por isso mesmo, Schettino assegurou que “jamais gostaria de ter sido o comandante do ‘Titanic’, obrigado a navegar entre icebergs”, mas que “com a preparação certa, qualquer crise pode ser ultrapassada.”
Na conversa com o jornal checo, contou ainda que se levantava todos os dias às cinco ou seis da manhã e que em caso de mau tempo não dormia, porque tinha de “estar na ponte de comando”.
“Quando a situação é grave, o comandante tem de ter tudo sob controlo”, acrescentou.
Mas na sexta-feira passada, quando o navio naufragou, causando 11 mortos e mais de duas dezenas de feridos, não foi bem assim.
O taxista que garante ter transportado o comandante do “Costa Concórdia” ao hotel, horas depois do acidente, descreveu-o como “um cão espancado, com frio e assutado”. “Perguntou-me, apenas, onde é que poderia comprar meias novas”, rematou.
Já a sua irmã, em entrevista ao jornal de Nápoles “Il Matino”, terá confessado que a primeira pessoa a quem Schettino ligou depois da tragédia, foi à mãe, Rosa, 80 anos de idade.
Carlos Abreu (JA/Rede Expresso)