Troço Lagos-Odemira vai “encerrar e despovoar” Costa Vicentina

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O traçado do novo IC4, que ligará Lagos a Sines, prevê que a ligação entre terras algarvias e Odemira tenha perfil de estrada nacional, ao contrário da costa alentejana, que terá perfil de via rápida. Uma decisão que vai tornar a Costa Vicentina ainda mais periférica e abandonada.

O Itinerário Complementar 4 (IC4), que vai ligar Lagos a Sines e é reivindicado há mais de 20 anos pelas populações locais, vai ficar por Odemira, uma vez que o trajeto entre Odemira e Lagos vai continuar a ser feito pela EN120.

A proposta do Instituto Nacional de Infraestruturas Rodoviárias (INIR) está a levantar muita polémica na região, que esperava contar com uma via rápida, à semelhança dos seus vizinhos alentejanos.
“Mais uma vez, o concelho de Aljezur é colocado à margem do investimento público”, critica a comissão concelhia do PCP.

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Segundo os comunistas, esta medida, que se vem juntar a outras, como “o encerramento de farmácias e a demolição do posto de turismo de Aljezur”, têm como finalidade “encerrar e despovoar” esta região.
“Querem transformar este concelho numa localidade fantasma, sem qualquer tipo de atividade económica ou social. Não aceitamos que esta população seja marginalizada desta maneira”, protesta o PCP, frisando que vai promover iniciativas para “mobilizar e agitar a população aljezurense contra estas medidas discriminatórias.

 

Extremo barlavento algarvio mais periférico

Para a comissão distrital do PSD, “a proposta de alteração do IC4 defendida pelo INIR faz ´tábua rasa´ do Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (Protal)”, aprovado pelo Governo socialista há quase quatro anos.

“Para a ligação entre Lagos e Sines, o Protal prevê a construção de uma via integralmente com as características de IC, em substituição da atual EN120, e não uma via como a ora preconizada”, referem os sociais-democratas algarvios, que estão na expectativa de saber qual vai ser a posição da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve sobre este assunto.

O PSD Algarve entende ainda que esta decisão – somada à introdução de portagens na Via do Infante ou ao novo plano de ordenamento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina – “vai acentuar ainda mais o caráter periférico do extremo barlavento algarvio, com todos os efeitos negativos a ela associados”.

“Estamos também perante mais uma decisão do governo que discrimina negativamente o Algarve, em particular o território das Terras do Infante e as suas populações, o que contribuirá para diminuir a competitividade económica dos municípios algarvios diretamente afetados: Aljezur, Lagos e Vila do Bispo”, refere o social-democrata Nuno Marques, coordenador para a área do Ambiente e Território do PSD Algarve.

 

Câmara de Aljezur dá parecer desfavorável

O município de Aljezur adianta que não se revê no projeto da rede rodoviária IC4 (Sines-Lagos) e deu parecer desfavorável ao atual estudo.

O documento apresenta três propostas para aquela via, mas todas elas são rejeitadas pela autarquia por terem como referência o IC4 previsto no Plano Rodoviário Nacional 2000, “que onera o Plano Diretor Municipal de Aljezur desde 1995”.

Segundo a câmara, esta solução não passa de “um mero exercício académico do foro rodoviário de custos financeiros e ambientais exorbitantes e desnecessários que o país não comporta, ou comportará, nos próximos anos”.

A autarquia diz ainda que concorda com a requalificação da EN 120, mas frisa que essa intervenção deve prever características de itinerário complementar (IC), ou seja, de via rápida.

Por outro lado, a câmara de Aljezur lamenta que “o estudo, inexplicavelmente, não articula a proposta atual da Estradas de Portugal para a Variante de Aljezur, cujo projeto está em execução, facto que não entendemos”.

O município conclui, assim, que tanto a norte como a sul as ligações não contemplam traçados de IC, “desejáveis sempre que tal fosse possível, a desenvolver sobre o perfil da atual EN 120”.

“É o desenvolvimento regional que está em causa”, alerta a câmara municipal, acrescentando que as assimetrias podem aumentar ainda mais se a estrada que liga Odemira a Lagos continuar a ser desprezada.

Nuno Couto/Jornal do Algarve
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