Numa altura em que vários responsáveis do setor turístico, e especificamente hoteleiro, apontam a falta de mão de obra com que se deparam no setor como um dos constrangimentos à retoma, o porta-voz, Francisco Figueiredo, da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal afirma que a dificuldade se prende com as condições oferecidas, longos horários e baixos salários praticados no setor, sendo “necessário rever o contrato coletivo de trabalho”.
“Os patrões despediram os trabalhadores violentamente logo no início da pandemia e dizem agora que têm falta de trabalhadores. Muitos deles arranjaram outras alternativas de emprego melhor, e eles agora precisam de aliciar os trabalhadores oferecendo condições de trabalho dignas e melhores salários. Isso é que não está a acontecer”, explicou Francisco Figueiredo para justificar a falta de mão de obra que o patronato refere.
Já sobre a possibilidade que tem sido apontada pelos hoteleiros de irem buscar trabalhadores ao Brasil e à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), por exemplo, para colmatar a falta de trabalhadores no setor em Portugal, o sindicalista diz que a solução representa a “ganância do lucro”.
“Em lugar de pagarem salários dignos aos trabalhadores, e respeitarem os direitos dos trabalhadores, vão buscar ao estrangeiro que é para poderem manobrar. Portanto, poder continuar a explorá-los e muitos desses estrangeiros que estavam em Portugal também foram embora no início da pandemia, pois muitos até estavam ilegais e clandestinos e o Governo não quis dar nenhum apoio a esses trabalhadores, apesar das propostas da Fesaht e sindicato”, referiu Francisco Figueiredo.
Esses trabalhadores “não voltaram aos seus hotéis, não querem voltar aos hotéis, aos restaurantes, aos cafés e às pastelarias porque as condições de trabalho são violentas”, referiu, acrescentando que há “instabilidade total nos horários” e falta de previsibilidade para organizar a vida pessoal e familiar.
“O que nós estamos a dizer às associações patronais e a esta em particular [AHP] é que precisamos negociar a revisão do contrato coletivo de trabalho, mantendo os direitos dos trabalhadores e oferecendo salários dignos”, reforçou.