Quis a maioria dos eleitores algarvios, em particular, e do país, em geral, que houvesse uma mudança significativa no panorama político, no ano em que se celebram os cinquenta anos da revolução de abril. Mais expressiva na nossa região, o Algarve “vestiu-se” de azul, o que já se antevia aquando das presidenciais. O líder, agora vencedor, conquistou, então, o segundo lugar, também com maior expressão nos concelhos algarvios em que, nestas eleições, conseguiu superar os adversários.
Apesar desta mudança de paradigma, vamos ser positivos e esperar que se consigam resolver os problemas do Algarve, de uma vez por todas.
Até ao momento, tivemos uma maioria de deputados que se comprometeu com a tão esperada construção do Hospital Central e Centro Oncológico, para além da solução dos problemas de mobilidade, a grave situação de seca e a falta de habitação, entre muitos outros que se vivem na região. As promessas não passaram de promessas e, do que se comprometeram, pouco foi feito.
Este desiderato poderá estar numa das bases do desejo de mudança. Vamos ver se resulta e se os novos representantes eleitos, em conjunto com os que já estavam no parlamento, embora em posições diferentes, conseguem defender um Algarve em que a Saúde seja uma prioridade, que qualquer algarvio tenha direito a habitação digna a preços acessíveis a qualquer trabalhador, que a água deixe de ser um problema e que não se demore mais tempo de Lagos a Vila Real de Santo António do que a Lisboa.
Efetivamente conseguimos sair de uma grave crise financeira, conseguimos superar o resto da Europa em crescimento económico, descemos significativamente a dívida pública, o ordenado mínimo subiu aproximando-se do médio, voltou a gratuitidade da saúde, as famílias passaram a contar com creches a custo zero. Mas não foi suficiente.
O Algarve, com pouco peso político (somos poucos mas com os mesmos direitos que os demais portugueses) contribui mais para o país do que o que recebe, ou seja não recebe o que mais precisa. Numa conjuntura internacional desfavorável, com uma guerra que fez disparar os preços e as taxas de juros, refletiu-se de forma muito negativa na vida dos portugueses que, com um voto de protesto, optaram por dar oportunidade àqueles que foram de encontro ao seu descontentamento, exploraram bem os casos mediáticos, e que prometeram dar-lhes uma vida melhor.
Fazemos votos para que este novo quadro político consiga desbloquear os principais problemas, que as promessas feitas sejam cumpridas e que efetivamente a vida dos algarvios melhore significativamente…
Porque têm sido tantos os anos de promessas falhadas, o Jornal do Algarve estará, como sempre, atento aos problemas da região e a pugnar pelos seus interesses, dando continuidade ao jornalismo de causas que o caracteriza.