A mesma história todos os verões

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Os grandes hospitais do país têm cerca de 100 médicos anestesistas, mas no Algarve só existem 18 para dois hospitais

E todos os picos de verão lá se repete a mesma situação: a “crónica” falta de médicos e enfermeiros, aliada ao aumento do número de atendimentos e internamentos nos hospitais, leva os profissionais de saúde à exaustão e os utentes ao desespero. O presidente do Centro Hospitalar do Algarve continua a pedir ao ministério mais profissionais, mas tem sido muito difícil atrair clínicos para a região. Ainda assim, a ARS garante que o ministério tem vindo a dotar o Algarve com “mais meios humanos e financiamento”, algo que o sindicato dos enfermeiros discorda

 

O problema não é mantido em segredo, disfarçado, nem sequer é tabu. O Ministério da Saúde sabe há muitos anos, através dos alertas do próprio presidente do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), Pedro Nunes, que o Algarve é uma região bastante carenciada de profissionais de saúde, estimando-se que faltem mais de 300 clínicos para suprimir as necessidades da região – e não apenas no verão, mas também durante o resto do ano!

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Na semana passada, perante a maior afluência de utentes às urgências hospitalares (cerca de mil por dia só em Faro, especialmente idosos afetados pelos efeitos do calor), o problema voltou à ordem do dia, com muitas queixas de utentes devido aos tempos de espera e também dos profissionais de saúde por estarem à beira da exaustão. Mais uma vez, Pedro Nunes admitiu que os picos de verão são alturas complicadas para os serviços de saúde da região e voltou a frisar que o Algarve necessita de “um número muito significativo de médicos, superior ao que tem”.

O presidente do conselho de administração do CHA referiu mesmo aos jornalistas que “não seria exagerado dizer que o hospital de Faro precisaria do dobro” de médicos que tem. Atualmente não excedem os 400…!

Vagas ficam por preencher nos concursos

Em declarações ao JA, na passada edição de 18 de junho de 2015, Pedro Nunes deu como exemplo a falta de anestesistas na região, uma das especialidades mais afetadas. “Só a cidade de Coimbra tem mais de 100 anestesistas (como todos os grandes hospitais do país), enquanto no Algarve temos 19 para os dois hospitais da região”, revelou. Entretanto, em pouco mais de um mês, o CHA já perdeu mais um anestesista, restando agora 18 para as unidades de Faro e Portimão…!

O presidente do centro hospitalar algarvio salientou ainda que as carências nos hospitais algarvios também se fazem sentir ao nível de outras especialidades, sendo que, nos concursos abertos, invariavelmente há vagas que ficam por preencher…

ARS garante mais meios humanos

Já a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve destaca que, desde janeiro de 2015 e até ao momento, iniciaram funções no centro hospitalar algarvio “um total de 142 médicos, dos quais 14 através de procedimentos concursais, quatro por contrato individual de trabalho e 124 estão a exercer atividade no âmbito de contrato de prestações de serviço e/ou avença”.

A mesma fonte adianta que foram ainda contratados “68 enfermeiros, 14 técnicos de diagnóstico e terapêutica, um técnico superior de serviço social; dois técnicos superiores de higiene e segurança no trabalho, quatro técnicos superiores de farmácia, um assistente técnico e 87 assistentes operacionais”…

(Toda a informação na última edição do JA – dia 6 de agosto)

Nuno Couto/JA

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