Abdelhamid Abaaoud, o terrorista que se gaba de enganar as autoridades

ouvir notícia

.

Há muito tempo que Abdelhamid Abaaoud está na mira das autoridades. O presumível autor moral dos atentados da passada sexta-feira em Paris – cujo irmão foi um dos bombistas suicidas – tem vários antecedentes criminais e desde 2013 que era seguido pela polícia devido à sua forte atividade jiadista nas redes sociais. Foi também nesse ano que se juntou às fileiras do autodenominado Estado Islâmico (Daesh) em Raqqa, na Síria.

Nascido em 1987 no bairro de Molenbeekem, em Bruxelas, Abdelhamid Abaaoud – também conhecido como Abu Omar Soussi, nome da região de Marrocos, ou Abu Omar al-Baljik – era descendente de marroquinos e teve uma infância semelhante à de muitos jovens belgas da classe média. Estudou no colégio Uccle, um dos mais conceituados na zona sul de Bruxelas, e depois foi trabalhar para o comércio com a família.

“Tínhamos uma vida muito boa, uma vida fantástica, eu diria. Abdelhamid não era uma criança difícil e em adulto transformou-se num bom comerciante. Mas, de repente, fugiu para a Síria. Nunca recebi qualquer resposta”, afirmou Omar Abaaoud, pai do jovem, ao jornal “Dernière Heure”.

- Publicidade -

No ano passado, Abu Omar al-Baljiki conseguiu levar consigo o irmão Younes, de 13 anos, facto que a família diz que nunca lhe perdoa. O pai afirma ainda sentir-se “envergonhado” e “destruído”com os ataques arquitetados pelo filho. “Abdelhamid envergonhou a nossa família. As nossas vidas foram destruídas. Porque é que, em nome de Deus, ele mataria belgas inocentes? Nós devemos tudo a este país”, conclui, amargurado.

Orgulhoso das atrocidades que cometia

Aos 28 anos, Abdelhamid Abaaoud é considerado um dos terroristas belgas mais ativos do Daesh. Seguido pelas autoridades desde 2013 – quando se juntou às fileiras do grupo terrorista, o presumível cérebro dos atentados em Paris vangloriou-se na revista de propaganda do Daesh, “Dabiq”, ter enganado a polícia por diversas vezes, em viagens entre a Bélgica e a Síria.

Tem sido com mestria que tem levado a cabo os seus planos. Em fevereiro deu uma entrevista à “Dabiq”, explicando como tinha conseguido escapar das autoridades numa viagem com mais dois jiadistas desde Raqqa até Bruxelas. “Conseguimos arranjar armas e um abrigo secreto, enquanto planeámos a continuidade das operações contra os cruzados. Tudo isto foi facilitado por Alá”, declarou Abaaoud.

Nessa altura, o abrigo secreto de Abaaoud chegou a ser alvo de uma rusga por parte das autoridades, tendo os seus dois companheiros morrido durante uma troca de tiros com a polícia. Mas o jovem jiadista conseguiu escapar, tendo depois chegado a ser mandado parar por elementos das autoridades, que não o reconheçaram, acabando por seguir viagem.

Gabava-se também dos atos terroristas perpetrados pelo Daesh. Num vídeo publicado em 2014, Abdelhamid Abaaoud surge de boné e barba, confessando estar satisfeito por cometer várias atrocidades contra aqueles que se opõem ao grupo terrorista islâmico. Nesse vídeo, inclusivamente, vê-se o jovem ao volante de uma carrinha que transporta corpos mutilados.

Em agosto, quando Reda Hame – um jiadista francês – foi inquirido pelas autoridades após ter sido detido quando se preparava para regressar à Síria, o nome do Abdelhamid Abaaoud foi referido, segundo o “Le Figaro”.

Recrutava combatentes para a Síria

Seria este jiadista belga que dava as indicações para Reda Hame chegar a França através de Praga, de forma a fugir à polícia. Abdelhamid Abaaoud teria dado a Reda Hame uma pen com software de criptografia e cerca de 2000 euros para levar a cabo um ataque. O objetivo era atingir um alvo “significativo” e “fácil”, como um espaço de um concerto, de forma a causar um “máximo de vítimas”.

As informações das autoridades indicam que o jovem esteve também envolvido em vários ataques frustrados, nomeadamente num TGV entre Amesterdão e Paris, a 21 de agosto, e numa igreja em Villejuif, a 19 de abril.

O ex-combatente do Estado Islâmico na Síria estaria na Grécia a gerir as operações da célula islamita de Verviers, no leste da Bélgica. Há registos telefónicos entre o jovem e outros terroristas mortos numa operação antiterrorista no início do ano, após o atentado em Paris nas instalações do jornal satírico “Charlie Hebdo”.

Com paradeiro desconhecido, Abdelhamid Abaaoud foi condenado à revelia, no passado mês de julho, a 20 anos de prisão, num julgamento na Bélgica, por recrutar jovens belgas para a Síria.

As autoridades acreditam também que Abdelhamid Abaaoud mantinha contacto com Mehdi Nemmouche, o autor do ataque ao Museu Judaico em Bruxelas, ocorrido a 24 de maio de 2014.

Liliana Coelho (Rede Expresso)

- Publicidade -
spot_imgspot_img

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.