A infraestrutura começou a ser construída em 1962 e entraria em funcionamento em 1965, duas décadas depois de a obra ter sido anunciada. O tráfego ultrapassou os 58 mil passageiros no primeiro ano. Em 2014, e pela primeira vez, foi ultrapassado o número de seis milhões de passageiros num só ano
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DOMINGOS VIEGAS
A intensão de construir um aeroporto no Algarve, com voos regulares para os aeroportos do país e para outros da Europa, foi oficializada em 1945 pelo Secretariado da Aeronáutica Civil. O projeto da infraestrutura, que seria construída na atual freguesia de Montenegro, concelho de Faro, esteve a cargo do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, enquanto a Câmara Municipal de Faro ficou responsável pela expropriação dos terrenos e execução dos trabalhos.
“Em Janeiro de 1945 o então governador civil de Faro, Dr. Antero Cabral, reuniu-se em Lisboa no Secretariado de Aeronáutica Civil, dirigido pelo então tenente-coronel Humberto Delgado (…) Nessa sua reunião com o Governador Civil de Faro, confidenciou-lhe que estavam a realizar-se importantes estudos no sentido de dotar a cidade de Faro com um grande aeródromo de caráter internacional. Conforme estudos prévios, deveria ser construído nos vastos terrenos da Arábia, situados na atual freguesia do Montenegro, local esse onde já costumavam aterrar alguns aviões, naturalmente pequenos e de origem militar”, escreve o historiador José Carlos Vilhena Mesquita no seu blog “Algarve – História e Cultura”.
Porém, tiveram que passar duas décadas para que a obra fosse uma realidade. O Governo de então acabaria por considerar outras prioridades e a obra foi sendo adiada, muito provavelmente, também, por razões económicas. Na altura, ficou deliberado que as 16 autarquias algarvias deveriam contribuir para a construção da infraestrutura, mas nem todas estiveram de acordo.
Desde 1957, ano da fundação do Jornal do Algarve, que este semanário se bateu, entre outras reivindicações, pela construção daquela infraestrutura, considerando-a fundamental para o desenvolvimento do turismo. Refira-se que, naquela altura, o turismo começava a dar os primeiros passos e o aeroporto poderia contribuir para que os turistas oriundos dos grandes centros urbanos do país e da Europa chegassem à nossa região em poucas horas.
Depois de inaugurada a infraestrutura, às 09h59 do dia 11 de julho de 1965 aterrava o primeiro avião no Aeroporto de Faro, um DC-3 da então Direção Geral de Aviação Civil (DGAC), seguido de um Lockheed Super Constellation, da TAP. Estas duas aeronaves, provenientes de Lisboa, transportaram as entidades oficiais e os convidados para a cerimónia que decorreu naquele dia e que foi presidida pelo então Presidente da República, Américo Tomás.
Dois dias depois, a 13 de julho, começaram as ligações regulares (dois dias por semana) entre Faro e Lisboa. Ao fim de um ano de ter entrado em funcionamento, o Aeroporto de Faro já acumulava um movimento de 58585 passageiros.
Principal porta de entrada de turistas
Ao longo destas cinco décadas, o Aeroporto de Faro foi alvo de diversas obras de ampliação e de remodelação, tendo-se transformado na principal porta de entrada de turistas na região. O tráfego foi aumentando de ano para ano e em 2006 registou um movimento de mais 5 milhões de passageiros.
“Desde esse ano, a capacidade de processamento de aeronaves/hora em Faro passou de 22 para 24 movimentos, mantendo-se porém a capacidade de processamento de passageiros no terminal de 2400 passageiros/hora, em cada sentido”, explicou recentemente a ANA, empresa do grupo Vinci Airports, que gere os aeroportos do país.
O Aeroporto de Faro voltou a bater recordes em 2014, ao ultrapassar, pela primeira vez, os seis milhões de passageiros num só ano. Para a ANA, este foi “um marco histórico na aviação regional e nacional”.
Entre 2006 e 2014, a taxa média de crescimento anual de passageiros foi de cerca de 2,5%. “Nesta configuração, [o Aeroporto de Faro] procurou sempre adaptar-se às novas exigências e ao crescimento do mercado e do cliente low cost”, frisa a empresa, recordando que os principais mercados que procuram a região, através do Aeroporto de Faro, são o Reino Unido, a Alemanha, a Irlanda, a Holanda e Portugal. Atualmente, mais de três dezenas de companhias aéreas efetuam voos regulares de, e para, Faro.
Comemorações com atividades culturais
As comemorações do 50.º aniversário começaram no passado sábado, com a inauguração da exposição “Em Boa Companhia”, uma mostra que abarca a histórias das principais companhias aéreas que operam no Aeroporto de Faro desde a sua inauguração. Esta exposição foi concebida e desenhada pelo Aeroporto de Faro, em colaboração com a Associação Aeronáutica do Algarve, e está patente ao público na área pública de chegadas do aeroporto.
Hoje, sexta-feira, dia 10 de julho, as cerimónias começam às 16h00, na localidade do Montenegro, onde será dado a uma rua o nome do antigo diretor do Aeroporto de Faro, Carlos Cruzinha. Segue-se, às 17h00, na área pública de partidas do aeroporto, a inauguração da exposição coletiva “Arte no Ar”, que revisita a história e o espólio fotográfico do Aeroporto de Faro e recria-o em telas de grande formato, utilizando a técnica da fotopintura. Esta mostra inclui ainda uma instalação inspirada no fluxo migratório dos passageiros do Aeroporto de Faro.
O programa de comemorações para este dia termina no Teatro Municipal de Faro, com um concerto da Orquestra Clássica do Sul, um espetáculo inserido no ciclo “Marchas, Valsas e outras Danças”, a partir das 21h00.
No dia 24 de julho, pelas 22h00, a ANA/Vinci e o Aeroporto de Faro convidam a comunidade a assistir a um concerto da banda algarvia Íris, no Palco da Doca de Faro.
Aniversário com novo diretor
O Aeroporto de Faro está a celebrar o seu 50.º aniversário com um novo diretor, Alberto Mota Borges, que substituiu António Correia Mendes.
O antigo diretor, que esteve no cargo durante 12 anos, deixou aquelas funções no passado dia 12 de junho, depois de ter sido indigitado para diretor do Aeroporto Internacional de Santiago do Chile, na América do Sul, estrutura que foi concessionada no final do ano passado ao grupo Vinci Airports.
Alberto Mota Borges estava colocado na ilha de São Miguel, Açores, como chefe da Divisão de Planeamento, Gestão e Controle da ANA Aeroportos de Portugal para a Região Autónoma dos Açores.
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