Agora vem a penetração na Ria Formosa e a nova Marina em Vilamoura…

...um dia destes, a Ilha de Faro, Vale de Lobo e Quarteira vão começar a boiar

É um facto, andamos a sacudir a água do capote e por vezes em nome da ganância e da incompetência, por vezes nem nos damos conta que já não nos reconhecemos, mas levaremos sempre connosco o ódio, a hipocrisia, a vaidade, o oportunismo que arquitectamos para chegarmos ao topo da carreira e pior ainda, o que fizeram por nós.

A memória esvazia-se num repente e estes são sinais perturbadoras, sobretudo, quando essa perda de memória é uma espécie de jogo que criámos para nos mantermos à tona, mesmo que sintamos em cada braçada que estamos a roçar no lamaçal, coisa que sempre imaginámos que nunca nos iria acontecer.

E esta perda de memória é mais perigosa, repito, mesmo que seja estratégica quando acasala com os nossos interesses e estamos tão metidos neles, que de repente ficamos doentiamente individualistas ou então girando num colectivo de meia dúzia.

O Pior é quando colectivo, que, entretanto, se multiplicou não sei por quantas vezes, em momento algum se preocupou em perceber que o el dourado e bom não durariam sempre e que um dia mais velhos, mais gordos. Porcos de gordos, sem memória, acabaríamos e vamos mesmo esmagar com a barriga a sebenta de nomes que guardávamos e que até tinha muita gente dentro, que tanto tinha feito por eles…

Já foi há muitos anos, mas o jeito que teriam feito nessas altura umas represas da água que desce dos lados de S. Brás de Alportel

Estávamos nós, enquanto olhamos ao mar de Quarteira, sentado no Novo Espaço, sob a gerência do Chefe Agostinho, mas quem manda é a Catarina, a decalcar estas palavras escritas com um lápis, só escrevemos a lápis, que herdámos, numa Herdade do Alentejo, num velho bloco, com mais de 25 anos.

Imagine-se, tão velho, que pertencia à Sport Notícias, empresa do JN (quando o JN era um Jornal rico e bem administrado) e que era responsável pelas organizações das provas de ciclismo em Portugal.

Nessa altura, se calhar só os mais velhos é que se lembram, desde que não tenham engolido a memória, que aqui o velhote era o speaker das provas de ciclismo que se realizavam sob a égide do JN, mas também levei dezenas e dezenas de políticos ao palco maior com viagem para a liderança autárquica ou para a Assembleia da República… quando agarrámos uma conversa que deslizava na mesa ao lado…

-Sabes Vitorino, esta coisa da falta de água, não duvido que não seja assim. Mas não me sai da cabeça, um tal Ministro, nem sei o nome, que não queria que se fizessem barragens. Mas que inteligência…

-Tens razão, pá! confirmou o outro, que depois ficámos a saber que se chamava Rui, acrescentando:

-É pá tu sabes bem a quantidade de água que se perde e que desce de S. Brás e vai cair no Rio Gilão? Então não poderiam construir umas represas? Parece que andam a brincar com isto. E a água que desce pela Ribeira de Quarteira que vem lá de cima de barrocal/serrano do Concelho de Loulé e que vai em direcção à Marina?

A conversa não entrou em qualquer ziguezague, antes numa rotina de um jogo de ténis: palavra para um, palavra para outro, sempre com precisão, e eu a ficar com água na boca, enquanto os tais, que vão perdendo a memória, obviamente a demitirem-se das suas responsabilidades, procurando sacudir a água do capote.

-E nem sei bem como funciona esta coisa das represas, mas estes homens devem ser entendidos na matéria, porque um deles, segundo uma conversa que conseguimos apanhar no ar, até fazia parte de uma associação de agricultores, não topei o nome, só sei que tinha cerca de vinte alfarrobeiras e foi com este crédito que entrou para tesoureiro da associação.

Come a sopa ou senão chamo o polícia… e atirei o «pau ao gato»
Esta foi durante anos, acabando mesmo por se eternizar, uma palavra mestra e sagrada, que obrigava as crianças a comer a sopa. Não sei se seria didática, como para os entendidos também deixou de ser didática a canção: atirei o pau ao gato… Manias

Contudo, estas modas não só caíram em desuso, como agora era quase impossível obrigar uma criança a comer a sopa, porque nunca se sabe – mas eu acho que eles têm razão, eles os polícias, porque nem sabemos onde os encontrar para a sopinha da criança.

Nesses tempos do come a sopa, para nós os policias eram os maus… Atenção que eu ainda lidei em termos profissionais com alguns dos maus, sobretudo, um tal que até tinha nome de Santa, que era um chefe, mas que abençoado pelo seu patrono, tinha a mania que mandava em tudo. Já sei que está aposentado…

Desta vez não se pode dizer que a culpa é das crianças, elas bem gostariam de comer a sopa, mas ao som da velha canção, mas cada vez mais, tudo se vai tirando as crianças, até o doce sabor de comerem a sopa ao som da canção que as mães ou as educadoras vão ecoando: come a sopa ou senão chamo a polícia.

Quando rompeu a tal madruga, construíram-se milhares de habitações, desde o projecto SAAL até às Cooperativas de Habitação. Depois deixamos de levantar andaimes. (Foto de uma manifestação projecto SAAL, em Cabanas de Tavira)

A avó da Mortágua e o Avô Gomes
Razão tinha um comentador da SIC ao analisar o debate entre a D. Mortágua do BE e o Dr. Rui Tavares, do Livre, que o mesmo poderia ter acontecido no Bar da SIC, tão flagrante foi a filosofia de par de «namorados» a agendar as núpcias. Esta da filosofia de par de «namorados…» é minha, e por isso mais valia terem feito o debate ao lado um do outro. E é uma pena…porque entendo que o Dr. Rui Tavares tem potencial e uma forma mais fraterna, se quisermos mais académica, de lutar pelos valores da democracia.

Os debates têm que fazer emergir os problemas do País e anunciar soluções, mesmo que não sejam a soluções possíveis. No mundo nem tudo é possível…

No entanto, Senhora Mortágua odeia quem tem uma casinha e isto não é defender nenhuma canhota, antes defender o indefensável, pois ela ainda não era nascida, creio eu, e estamos à beira das comemorações dos 50 anos de Abril, desde o Projecto SAAL, que derivou depois para as autarquias a 27 de Outubro de 1976 até às centenas de corporativas de habitação, espalhadas por todo o País e o Algarve foi um soberbo exemplo, numa mais ninguém colocou um andaime, daí a desgraçada crise da habitação.

Esta coisa de deitar água no cravo, não resolve a inibição que a democracia hoje sofre.

E agora, em nome da avó, sem esclarecer nada sobre o que se passou com a velhinha senhora, a líder do BE vem defender, o que não defende a sua colega Catarina Martins, que também tem posições no sector do alojamento, e se não tem é porque entregou a um familiar, para continuar na agenda do quentinho, para as próximas eleições e nem defendia o ex. deputado do BE, Ricardo Robles, com interesses, louvais interesses, no sector imobiliário. Esta da avó da D. Mortágua, não entra na cabeça do avô Gomes…

Esperamos que os debates, sirvam, têm mesmo de servir, não para bater, mas para esclarecer os portugueses, cuja luta maior terá que passar por convencer os indecisos, mas antes para dar respostas aos graves problemas sociais e humanos que vivemos. Já sabemos que este é um desarranjo «intestinal» de toda a Europa, mas este é o momento de uma afirmação sólida, consciente, verdadeira, que não apague fogos com combustível, mas que encontre respostas para todos os grandes investimentos, incluindo a ligação via CP entre Faro e Vila Real de Santo António (acho que perder os papéis) e todos os outros a jusante e montante: Habitação, idosos, jovens, crianças, Polícias, GNR, agricultores, médicos, estudantes, desempregados, bombeiros, sem abrigo, Hospital Central do Algarve, para que a amnésia ou outra doença muito igual, nos leve a ter que pedir para que alguém possa tirar a tampa da banheira, porque a água já chega à cozinha.

E já que falámos em água, sinalizamos o fecho deste Remate Certeiro, com duas notícias que estão na ordem do dia, para o reforço do turismo e da economia da região. Em Vilamoura nasce uma nova Marina e em Faro, vai ser ocupado um espaço da ria Formosa, para uma outra marina. Ou muito nos enganamos, por culpa de factos muito iguais, não só as ameijoas vão ficar muito mais caras, como um dia destes, a Ilha de Faro, Vale de Lobo e Quarteira vão começar a boiar…

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