Alcoutim quer apostar no campismo para desenvolver o setor turístico

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Praia Fluvial do Pego Fundo, em Alcoutim

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Plano de Intervenção em Espaço Rústico para o Pego Fundo em Alcoutim (PIERPFA) prevê a construção de um parque de campismo e caravanismo na praia fluvial. O edil Osvaldo Gonçalves considera que se trata de “um projeto âncora” que “alavancará a atividade turística”

DOMINGOS VIEGAS

A criação de um parque de campismo e caravanismo, de uma zona dedicada ao desporto e à recriação, bem como a requalificação da praia fluvial são os principais objetivos do Plano de Intervenção em Espaço Rústico para o Pego Fundo em Alcoutim (PIERPFA), que viu o início do procedimento para a sua elaboração ser aprovado recentemente pela Câmara Municipal de Alcoutim.

Parece simples, tendo em conta o que se faz e o que se permite fazer mais próximo do litoral, e ainda mais sendo os terrenos de implementação do PIERPFA propriedade da autarquia, mas não é bem assim. Praticamente todo o concelho de Alcoutim está integrado em áreas da Reserva Ecológica Nacional (REN) ou Reserva Agrícola Nacional (RAN), uma situação que tem contribuído para que muitos projetos não passem do papel.

“Já tivemos investidores interessados, mas as dificuldades em termos de licenciamento inviabilizaram que os projetos avançassem”, explica, em declarações ao Jornal do Algarve, o presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo dos Santos Gonçalves.

Porém, o autarca acredita que, agora, a situação poderá inverter-se: “Já tive algumas reuniões com pessoas ligadas aos diferentes organismos com voto na matéria e senti que, cada um, a seu tempo, poderá viabilizar o projeto. Infelizmente, é difícil, ou mesmo impossível, juntar toda a gente para um parecer global. Por isso, decidimos avançar com este plano para que se possa ultrapassar essas condicionantes de forma integrada”.

Plano implica alteração do PDM

O projeto vai estar sujeito a um procedimento de avaliação ambiental e pretende alterar o Plano Diretor Municipal (PDM) na sua área de intervenção, precisamente em termos de REN e de RAN, introduzindo uma nova disciplina de ocupação, uso e transformação do solo para a área em causa.

Neste sentido, Osvaldo Gonçalves recorda que “existe um conjunto de situações que têm que ser alteradas e aprovadas pela Agência Portuguesa do Ambiente, pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional Algarve, entre outras entidades”, mas avança que o plano “tem um prazo otimista de um ano para ficar pronto”.

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Um projeto destas características pode parecer pequeno quando comparado com o que se faz noutras zonas, mas para Alcoutim, um concelho do interior, que luta há décadas contra o despovoamento e por encontrar formas de aproveitar as suas potencialidades, tem uma importância fundamental.

“Há dois anos que andamos a trabalhar neste projeto. Depois do plano estar concluído, esperamos que as condicionantes estejam ultrapassadas. É um projeto âncora que alavancará a atividade turística. O campismo e o caravanismo será um complemento ao que já existe”, considera Osvaldo Gonçalves.

Objetivo é atrair turistas

Para o autarca, o grande objetivo “é atrair turistas e captar um nicho de mercado que procura Alcoutim” mas que, atualmente, não tem condições no concelho. “Por exemplo, o campismo e o caravanismo são feitos de forma selvagem… Sentimos a necessidade de dar condições a essas pessoas, com a criação de um parque de campismo”, explica.

A área a intervir, de propriedade totalmente municipal, tem cerca de 7,38 hectares e localiza-se a cerca de 500 metros do Guadiana, com vistas sobre aquele rio, Ribeira de Cadavais, Alcoutim e toda a paisagem circundante. Esta zona está delimitada a norte pela estrada Municipal 507, a sul pela Praia Fluvial do Pego do Fundo e a nascente pela Escola Básica Integrada (EBI) de Alcoutim, acabando na Ribeira de Cadavais.

De acordo com próprio plano, este prevê “a valorização das valências naturais e turísticas da zona, o enquadramento paisagístico da área do Pego Fundo e a infraestruturação do espaço”.

Refira-se que o campismo e o caravanismo são apontados como um dos principais produtos da região pelo Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve. Agora são a nova aposta do município de Alcoutim que pretende valorizar e aproveitar o turismo e as atividades relacionadas com a natureza.

(Reportagem publicada na edição impressa do Jornal do Algarve de 02/08/2017)

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