AMAL diz que medidas para a seca são “equilibradas”, mas pede que não se adie solução

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Os municípios do Algarve consideram “equilibradas” as decisões tomadas contra a seca, mas alertam que, assim como no novo aeroporto de Lisboa, não se pode continuar a adiar o problema de transferência de água para o sul.

“O país tem de decidir, como no caso do novo aeroporto de Lisboa, a forma como se deve levar água para o Algarve”, disse o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina.

Para o presidente da associação que reúne os 16 municípios do sul do país, “o que se passa com este recurso [a água] passa-se com a decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa, que há mais de 50 anos é adiada”.

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O Algarve vai ter cortes, este ano, de água de 25% na agricultura e de 15% no setor urbano, que inclui o turismo, para preservar as reservas de água e fazer face à seca, anunciou na quarta-feira o ministro do Ambiente no final de uma reunião da comissão que acompanha os efeitos da seca, em Faro.

O presidente da AMAL considerou estas medidas de curto prazo como sendo “equilibrada e as possíveis” de serem tomadas no atual quadro de emergência, mas avisou que no futuro terão de ser tomadas medidas estruturantes para resolver um problema que se agravou nos últimos anos.

A construção de uma dessalinizadora já foi decidida, mas cada vez mais responsáveis querem que se estude a possibilidade de se fazerem transvazes a partir do norte do país, onde não parece haver problemas de falta de água.

“No curto prazo não há mais nada que fazer do que poupar”, insistiu António Pina, acrescentando que poupar 15% no ciclo urbano “é possível”, mas que “todos têm de estar mobilizados para fazer esse esforço”.

A redução do consumo de água no ciclo urbano inclui a diminuição no setor do turismo, o mais importante do país, que no Algarve ainda é mais relevante e que todos querem que seja preservado, sem que haja medidas que o ponham em causa ou que, de alguma forma, possam assustar os turistas.

O autarca algarvio reconheceu os esforços do ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, para discutir as medidas tomadas com todos os setores envolvidos no problema e congratulou-se por ter sido possível um corte de 25% na agricultura, ao contrário das indicações iniciais, que iam no sentido de uma redução de 75%.

António Miguel Pina assegurou que os municípios vão continuar a tomar medidas para resolver as perdas de água em sistemas de distribuição, que são “antigos” e que precisam de tempo e de investimentos importantes para serem substituídos.

Cortes “difíceis de realizar”

Por seu lado, o presidente da Câmara de Albufeira, a terceira mais importante do país em termos turísticos, depois de Lisboa e do Porto, também referiu que os cortes de água pedidos “são equilibrados”, apesar de serem “difíceis de realizar”.

“Se atendermos à realidade e ao diagnóstico feito, acredito que as medidas terão de ser tomadas”, disse José Carlos Rolo.

O autarca gostaria que a sensibilização e a comunicação à população sobre a necessidade de se realizarem poupanças de água fossem feitas “pela positiva”, a pensar em como se vai resolver o problema estrutural a um prazo mais dilatado.

“Temos de refletir sobre a construção de barragens, dessalinizadoras e fazer transvazes. Mas agora temos de resolver este problema”, disse José Carlos Rolo.

O presidente da Câmara de Albufeira disse que o município vai continuar os esforços para substituir as plantas nos locais públicos por outras mais resistentes e que necessitem de menos água, assim como estão a ser utilizadas cada vez mais as águas residuais provenientes das estações de tratamento (ETAR).

A comissão interministerial de quarta-feira propôs um total de 46 medidas – que terão ainda de ser aprovadas em Conselho de Ministros –, a serem aplicadas por municípios, Águas do Algarve, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, gestão dos aproveitamentos hidroagrícolas e setor do turismo.

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