Antes da greve, hoteleiros lutam por salários dignos e estabilidade de horários

A FESAH promove a partir de 17 de julho duas semanas de luta, com plenários e ações à porta de hotéis

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Os sindicatos da hotelaria afetos à CGTP (FESAH) promovem duas semanas de luta por salários dignos, estabilidade dos horários e respeito pelas cargas laborais, antes da greve nacional marcada para 28 de julho, revelaram esta terça-feira dirigentes sindicais.

Em conferência de imprensa, a coordenadora da Federação dos sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT), Maria das Dores Gomes, disse que a hotelaria “é um setor estratégico para a economia do país, mas em que os trabalhadores têm salários muito baixos” e que a greve é por melhorias das retribuições e melhores condições de trabalho, num setor onde são comuns horários longos e instáveis.

Aliás, acrescentou, são as más condições que sente quem trabalha na hotelaria que tem levado muitos trabalhadores a saírem, para outras profissões ou para o estrangeiro, e avisou que se não houver mudanças mais irão sair.

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“Trabalham ao fim de semana, nos feriados, na Páscoa, no Natal, no verão quando filhos estão de férias, se não houver valorização mais trabalhadores sairão, mesmo os jovens que saem das escolas hoteleiras”, disse.

Para Tiago Jacinto, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria do Algarve, há uma “estratégia bem concertada entre patrões e Governo para que o setor funcione com base na precariedade e baixos salários”, incluindo indo buscar trabalhadores a países de salários baixos para fazer baixar o valor do trabalho, referindo ainda que há hotéis no Algarve que têm mais estagiários do que trabalhadores com vínculo adequado.

Para Luís Trindade, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Hotelaria, Turismo, Restauração e Similares do Sul, quando as empresas dizem que faltam profissionais isso acontece porque “fogem” dos baixos salários e porque “não conseguem conciliar a vida pessoal com a profissional”, isto quando as receitas do turismo batem recordes, e considerou que em causa está mesmo a qualidade do turismo em Portugal a médio e longo prazo.

O dirigente sindical denunciou ainda que há cadeias hoteleiras que deixaram de dar alimentação aos funcionários, o que era tradicional do setor, pagando um subsídio de alimentação que não chega a cinco euros para a refeição principal. Disse também que há hotéis a anunciar salários mínimos no grupo de 1.000 euros, mas que isso não é salário base, inclui subsídio alimentação, diuturnidades, entre outras retribuições.

Há ainda milhares de trabalhadores estagiários e aprendizes que trabalham abaixo do salário mínimo nacional, alguns levam para casa 500 euros, por força de convenções assinadas entre patrões e a UGT, criticou, por seu lado, Francisco Figueiredo, dirigente do Sindicato de Hotelaria do Norte.

A FESAH promove a partir de 17 de julho duas semanas de luta, com plenários e ações à porta de hotéis, estando a greve nacional marcada para 28 de julho, incluindo com concentração frente à Secretaria de Estado do Turismo.

A hotelaria tem 80 mil a 100 mil trabalhadores com vínculo efetivo, mas os dirigentes sindicais estimam que haja mais quase 100 mil a trabalhar no setor, desde logo de empresas de prestação de serviços, como empregados de quarto, que nem estão sujeitos às contratações coletivas do setor.

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