Arqueólogos noruegueses vão estudar naufrágio do século XIX no Arade

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O projeto para a análise subaquática do sítio arqueológico, denominado “Arade 23”, teve início esta segunda-feira, prolonga-se até 01 de abril e vai permitir fazer a limpeza da área para perceber em que estado de conservação estará essa embarcação para depois utilizar uma tecnologia que permite fazer o registo fotográfico da zona e a sua georreferenciação, precisou o coordenador do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS), José António Gonçalves.

“O trabalho que vamos fazer vai ter várias dimensões, trata-se de um sítio de naufrágio dentro do estuário do Arade, perto da foz, é um sítio que se conhece pouco, porque nunca foi escavado, e o que vamos fazer primeiro é uma ação de monitorização, de limpeza, de redefinição do sítio e avaliação do estado de conservação”, afirmou José António Gonçalves.

O responsável do CNANS explicou que “depois haverá uma segunda fase de trabalho, que vai fazer uma fotogrametria, ou seja, um levantamento fotográfico que obedece a determinados critérios e depois permite fazer um modelo tridimensional digital do sítio”.

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“Vamos também ensaiar algumas tecnologias recentes associadas à fotogrametria, que é uma técnica e uma metodologia de trabalho já bastante estudada e aplicada nestes contextos, mas tem sempre um problema acrescido, que é a georreferenciação ou o posicionamento geográfico dos modelos”, referiu ainda.

A análise desta zona do estuário do rio Arade, que marca a divisão entre Ferragudo, no concelho de Lagoa, e a cidade de Portimão, vai ser feita em parceria com o Museu Marítimo da Noruega e conta com um financiamento de 995.000 mil euros do Programa Cultura do Mecanismo Financeiro EEA (Espaço Económico Europeu) Grants, que é “operacionalizado em Portugal pelo CNANS da Direção-Geral do património Cultural.

José António Gonçalves reconheceu que, no local, encontra-se “uma presumível embarcação do século XIX”, segundo as “características que são conhecidas do achado”, mas explicou que, como o local “nunca foi integralmente escavado, há sempre margem grande de incerteza até se confirmar essa possibilidade”.

“Mas os dados disponíveis apontam para uma embarcação do século XIX, de madeira, à vela”, precisou.

O montante de cerca de um milhão de euros disponibilizado para o projeto visava um “período dos quatro anos, que estava previsto para entre 2020 e 2023, mas que, com a pandemia de covid-19, sofreu alguns atrasos”.

“Os quatro anos na verdade serão sobretudo dois anos e meio”, observou, frisando que o financiamento de cerca de um milhão de euros abrange “a vigência do projeto” e “não é só para o CNANS, porque uma fatia desse investimento, à volta de 200.000 euros, são para pagar despesas do parceiro do projeto [Museu Marítimo da Noruega]”.

O coordenador do CNANS destacou ainda a “preocupação” que houve em contar com um “envolvimento grande das entidades locais”, estabelecendo uma “articulação com as câmaras de Portimão e de Lagoa” que classificou de “fundamental para garantir uma série de apoios locais, ao nível logístico, por exemplo”.

“E também da Universidade Nova, do Centro de Humanidades, que já tem um projeto em curso há alguns anos na zona e irá trabalhar connosco no projeto”, referiu ainda José António Gonçalves, anunciando que será feita uma apresentação de resultados preliminares quando a equipa norueguesa concluir o seu trabalho, no dia 25 de março, em Lagoa, e outra no dia seguinte, em Portimão.

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