Arqueólogos tentam desvendar escrita antiga encontrada na Serra do Caldeirão

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“A mais antiga escrita da Península Ibérica” está escondida na serra algarvia, garantem os arqueólogos que estão a desenvolver o projeto Estela. O estudo pretende descortinar um pouco mais sobre antepassados que viveram na fronteira entre o interior louletano e o concelho de Almodôvar há mais de 2500 anos

A Câmara Municipal de Loulé está a financiar o Projeto Estela que visa aprofundar o conhecimento sobre uma escrita singular que é um dos maiores ícones da Idade do Ferro do Sul de Portugal. O projeto está a ser desenvolvido por três arqueólogos que têm vindo a sistematizar e confirmar os dados e objetos relacionados com a Escrita do Sudoeste que tem como epicentros os concelhos de Loulé e de Almodôvar. Um património arqueológico que continua a suscitar dúvidas tanto ao nível do decifrar esta língua como ao nível do conhecimento sobre a população que a criou e usou.
Os especialistas acreditam que estas lajes, designadas por estelas, e outros objetos que têm vindo a ser identificados nas zonas onde foram encontradas denunciam a existência de uma população com uma cultura avançada.
Há cerca de 2000 anos, o historiador e geógrafo Estrabão havia-se referido a um passado remoto e diz que estas populações “têm fama de ser os mais cultos dos iberos; possuem uma gramática e escritos de antiga memória, poemas e leis em verso”.
Uma das particularidades desta escrita é o facto de se concentrar no interior algarvio e não ter grande representação no litoral que era importante para as trocas comerciais mediterrânicas. Os especialistas sublinham que o mapa que tem vindo a ser construído com base nas estelas que têm sido encontradas apontam para uma maior concentração junto a importantes cursos de água que funciona como pontos-chave no território como é o caso das ribeiras da Azilheira e Odelouca e em torno das Ribeiras do Vascanito e do Vascão.
Esta Escrita do Sudoeste é tão complexa que ainda hoje, ainda que já seja possível perceber alguns sons inscritos, continua a ser um mistério as informações nelas registadas.
Os estudos apontam para que a Escrita do Sudoeste tenha ocorrido na área do Sudoeste Peninsular que corresponde hoje à área de Andaluzia, Algarve e sul do Alentejo. “Aconteceu há mais de 2500 anos e parece ter durado pouco mais do que 500 anos”, explicou um dos arqueólogos responsáveis pelo projeto, Pedro Barros. “Trata-se de um alfabeto simplificado, direta ou indiretamente ligado à origem de muitas escritas antigas como o grego antigo”, explicou. “Esta adaptação criou algo diferente, adotando os signos que já existiam e o seu valor fonético e noutros casos inventando-se letras”, prosseguiu.
Uma laje de xisto encontrada (…)

[Peça publicada na íntegra na edição papel do Jornal do Algarve de 26 de maio de 2011]
JA/SCS
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