As influências do árabe na língua portuguesa (2)

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Jose Domingos

Porém, paralelamente, aos que tecem loas à grandeza da Civilização islâmica, sem passar à fieira da crítica os verdadeiros factores que estiveram na sua origem, co-existe a teoria de que o que mostraram como criações suas, o usurparam aos povos que invadiram.


Na sua caminhada imparável, a primeira vaga de conquista islâmica absorveu as terras cristãs até ao Nordeste da Arménia, África do Norte, Península Ibérica, até Poitiers e a Itália, até aos Alpes.


Ultrapassaram a Pérsia e chegaram à Índia.

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Deste modo, os muçulmanos estiveram em contacto com as civilizações mais prestigiosas.


Contudo, o sentimento de superioridade das tribos beduínas conquistadoras e uma certa arrogância narcísica foram postos a dura prova quando as suas conquistas se depararam com civilizações brilhantes, submetidas pela força, tendo como consequência uma humilhação constante imposta pelos Árabes aos dhimmis (pessoas não muçulmanas, vivendo numa sociedade muçulmana e tributadas para poderem manter a sua liberdade de culto e tradições).

Um dos princípios básicos do Islão está enraizado no dogma da perfeição da Ummah, conceito que o vincula à aspiração consagrada de vir a dirigir o mundo inteiro com a sua fé como lei.

Ummah é a comunidade dos muçulmanos, independentemente de sua nacionalidade, laços de sangue e poderes políticos que os governam.
O termo é sinónimo de ummat islamiyya, ‘a nação islâmica’.

O conceito é muito diferente do de ‘Igreja’ (do lat. ecclesia, assembleia dos fiéis, entre os cristãos) porque a Igreja é o Corpo de Cristo Jesus, o Filho de Deus, para os cristãos.

Aqui, a Ummah é, ao mesmo tempo, um conteúdo humano (os fiéis), político (a nação islâmica) e espiritual (comunidade de muçulmanos).


Desde o início do século XX, esse termo foi adoptado pelos diversos nacionalismos do mundo árabe para designar ‘a nação islâmica’.

A esta visão religiosa sectária de sociedade não é alheia a formação dos chamados Estados religiosos árabes, em que a xária (do ar. xarî ‘ a, fonte, bebedouro) é a verdadeira Constituição, que rege o dia-a-dia dos cidadãos, até nos seus mais pequenos actos, num controlo mental permanente e total, que para um cristão poderia tornar-se insuportável.


Hoje em dia, o termo renasceu e passou a ser amplamente usado por movimentos político-religiosos pan-islâmicos, em grande medida como reacção ao sentimento de humilhação sentido, face à colonização de vários povos árabes, no Médio Oriente e Norte de África, por alguns países europeus, até à Segunda Guerra Mundial, designadamente, a Inglaterra.

Dignitários árabes do Al-Andalus do século XIII


No âmbito do conceito da Ummah, não pode haver igualdade entre todos os sujeitos, sejam quais forem – o que marca, desde logo, a discriminação, em relação a todas as outras confissões religiosas, numa mesma base de direitos iguais –, visto que a igualdade só pode existir entre os crentes do Islão.

Qualquer empréstimo de uma outra civilização é proibido, dado que a perfeição não pode contactar com a imperfeição sem se danificar a si própria.


Os muçulmanos – nesta visão autista, denunciada pelos que defendem que o brilhantismo a que chegou a Civilização Islâmica, no seu auge, não se deveu a eles próprios, mas ao que copiaram dos povos mais evoluídos que invadiram –, estão, por conseguinte, empenhados num proselitismo extremista e numa campanha de destruição das culturas, das comunidades alheias e de todas as identidades e ideias que não sejam as suas, como demonstram, à saciedade, os exemplos das destruições das estátuas budistas no Afeganistão ou dos belos vestígios arqueológicos da cidade de Palmira, na Síria, pelo Daesh.

Este é um modelo de comportamento que se reproduziu, infatigavelmente, desde o nascimento do Islão, há 1400 anos, que é descrito amplamente nas fontes históricas, que tem estado adormecido, desde há alguns séculos, mas que actualmente readquiriu, de novo, a sua expressão mais agressiva, como temos visto, através de uma cruzada de terror.


Sustentam os que defendem esta tese, que parece ter bases credíveis, que ‘a Civilização Arábigo-Islâmica não é uma força progressiva, mas uma força regressiva’.


Quando os Árabes e o Islão invadiram o Médio Oriente, em 630, encontraram 600 anos de Civilização Cristã, que tinha assimilado os ensinamentos dos Assírios, uma herança e uma cultura muito ricas e fortemente desenvolvidas, dispondo de estabelecimentos de ensino avançados.


Foi esta civilização que se tornou a base da Civilização Árabe.


Quando esta comunidade diminuiu abaixo do limiar crítico, cessou a produção da força intelectual motriz da Civilização Islâmica.


Foi assim que a pretendida ‘idade de ouro do Islão’ terminou.

A Civilização Islâmica, cuja reputação não deve ser buscada nos Árabes ou nos próprios muçulmanos, não é, senão, obra deixada pela supina cultura dos Assírios, de cujos conhecimentos e criações os Árabes se apropriaram e que, mais tarde, perderam, quando esgotaram a fonte de vitalidade intelectual que os havia propulsado, pela conversão obrigatória dos povos de cultura assíria ao Islão.

Os alvores da Química


Uma esmagadora maioria de sábios do mundo antigo era da Assíria, os quais, a partir do século I, começaram a tradução dos conhecimentos Gregos.


Interessaram-se pela ciência, filosofia, astronomia e medicina.


Sócrates, Platão, Aristóteles, e vários outros expoentes gregos foram traduzidos para Assírio, e, deste idioma, mais tarde, vertidos para o Árabe.

Foram estas traduções que os Mouros trouxeram para a Península Ibérica, onde foram traduzidas para Latim.


Um dos grandes feitos assírios do século I foi a construção da primeira universidade do mundo, a Escola de Nisibis, que se tornou um centro de desenvolvimento intelectual no Médio Oriente e serviu de modelo à primeira universidade italiana.

No domínio da filosofia, a assíria Edessa, na actual Turquia, cidade fundada, no século III, sob a égide da cultura grega, desenvolveu uma teoria de física que rivalizou com a de Aristóteles.


Como a roda da História não pára, séculos mais tarde, os Turcos, tribos originárias da Ásia Central e também seguidoras do Islamismo, haveriam de conquistar, no século XIV, grande parte dos domínios muçulmanos, a que juntariam, depois de várias tentativas, o Império Bizantino, com a queda de Constantinopla, em 1453, formando o que se designaria como Império Otomano, realidade política que se manteve até à Primeira Guerra Mundial.

Desde há 1300 anos e, ainda, actualmente, existem minorias e populações, que lutam pela sua sobrevivência, num mundo muçulmano, que lhes roubou a identidade e procura destruir a matriz, no Médio Oriente (Assírios, Arménios, Judeus, Cristãos), em África (Coptas, judeus, Sudaneses cristãos, Etíopes cristãos, Nigerianos cristãos…), na Ásia (Paquistão) assim como na Indonésia.


Estas populações batem-se contra o Imperialismo Árabe e o totalitarismo islâmico, que procuram eliminar todas as culturas, religiões e civilizações.


Na frente da desinformação actual, importa que cada um faça o seu próprio trabalho de investigação e mantenha o espírito crítico.

Aqui fica, para reflexão, uma outra visão, que reproduzo, daquilo que verdadeiramente é o Islão e busca, no âmbito de um fanatismo que não se justifica, de todo, visto que é um direito universal o que assiste a cada um de escolher o seu caminho para chegar à Divindade.

(continua)

José Domingos

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