Aumento de turistas acelera degradação ambiental no Algarve

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O crescente número de turistas no Algarve está a contribuir para o aumento da “pegada ecológica” da região, onde no verão os consumos de água disparam e o lixo e a poluição atmosférica aumentam, dizem os ambientalistas.

A “pegada ecológica” pretende ser uma medida para calcular o impacto do consumo dos seres humanos no ambiente.

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Numa altura em que a população algarvia triplica, ficam a descoberto problemas como a falta de ordenamento dos espaços ou a incapacidade dos serviços urbanos em responder às pressões da época alta, afirmam ambientalistas contactados pela Lusa.

Para o presidente da Almargem os impactos mais visíveis são o aumento exponencial do consumo de água e da sobrecarga das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), que no verão quase “rebentam” com o aumento populacional.

Em Albufeira, uma das zonas mais turísticas da região, o consumo de água durante o último mês de agosto praticamente quadruplicou em relação a janeiro, de acordo com dados da Águas do Algarve a que a Lusa teve acesso.

Além de a população aumentar de 60 para 350 mil pessoas no verão (seis vezes mais), o disparo nos consumos é ainda explicado pelo aumento da frequência da rega de espaços públicos no verão, diz o presidente da Câmara de Albufeira, Desidério Silva.

A engrossar a lista está também o aumento da quantidade de esgotos e do lixo produzido, contudo, segundo o autarca, “já lá vai o tempo” em que faltava água ou havia lixo acumulado nas ruas.

Segundo João Santos, presidente da Almargem, ao aumento do consumo de água da rede no verão junta-se o problema da rega dos campos de golfe, cujos relvados são na sua maioria “alimentados” com água proveniente dos aquíferos.

De acordo com as contas da associação ambientalista, o Algarve tem 39 campos de golfe – concentrando cerca de metade da oferta existente no país -, mas em vista estão pelo menos mais 13, o que elevará o número para 52 nos próximos anos.

Já Nélia Alfarrobinha, da associação ambientalista Quercus, aponta outros fatores que refletem o impacto do turismo algarvio no ambiente, nomeadamente, a poluição da água dos mares, rios e lagos através da descarga de esgotos não tratados.

A difusão de lixo nas praias, matas e centros urbanos e o aumento da poluição no ar devido à maior intensidade do tráfego automóvel associado a um maior consumo de energia são outros dos “pontos fracos”.

Contudo, os dados de monitorização da qualidade do ar efetuados pela CCDR/Algarve não permitem estabelecer uma relação direta entre o aumento de turistas e os níveis de poluição atmosférica, disse à Lusa a vice-presidente do organismo.

Segundo aquela responsável, os valores limite da qualidade do ar na região “nunca foram ultrapassados”, embora a CCDR pondere ter no futuro uma estação de móvel que permita monitorizar situações pontuais associadas ao turismo.

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