O presidente da câmara de Castro Marim, Francisco Amaral, considerou hoje “aflitiva e desencorajadora” a situação legal que entrava investimentos na zona do Rio Guadiana, dificultados por instrumentos de gestão territorial como a REN (Reserva Ecológica Nacional) e a RAN (Reserva Agrícola Nacional).
O presidente do município de Alcoutim, em conjunto com os presidentes das câmaras de Castro Marim e Vila Real de Santo António, manifestaram nesta segunda-feira à secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, o seu descontentamento com os entraves legais ao investimento turístico na zona do Guadiana.
Durante um encontro que contou também com a participação de vários responsáveis turísticos da região, os três autarcas manifestaram o seu descontentamento com a abundância de territórios com instrumentos de ordenamento do território como reservas agrícolas e ecológicas, que impossibilitam ou atrasam o investimento na área do Turismo.
“É uma situação aflitiva e desencorajadora, de que demos conta à senhora secretária de Estado”, disse ao JA o presidente da câmara de Castro Marim, Francisco Amaral, garantindo que, graças a esses instrumentos de ordenamento territorial, “às vezes anda-se um ano a lançar uma obra que depois leva 15 ou 20 dias a fazer. E devido a esses instrumentos às vezes um projeto anda 15 ou 20 anos a desenvolver, tem que passar por 40 entidades diferentes. Enquanto isso, vivemos numa das zonas mais deprimidas da União Europeia”.
“A secretária de Estado deu-nos razão”, afiançou Francisco Amaral ao JA.
Segundo o autarca de Castro Marim, a responsável do Turismo quis saber as opiniões dos edis sobre o programa Valorizar, um instrumento de apoio a nível nacional de 20 milhões de euros ao qual – segundo a membro do Governo – nenhuma autarquia algarvia concorreu.
“Não é verdade, porque nós concorremos, como fiquei hoje [terça-feira] a saber”, ressalvou.
Na reunião, que decorreu ao longo de um jantar de trabalho no Hotel Vasco da Gama, a secretária de Estado quis saber a opinião dos autarcas face ao panorama turístico atual e quais as potencialidades turísticas das respetivas regiões.
A visita de trabalho teve como objetivo procurar estratégias e debater os novos desafios do turismo local e regional desencadeados pela pandemia de Covid-19.
Por outro lado, deu seguimento à visita do senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao concelho de Vila Real de Santo António, no início de julho, a partir da qual o Chefe de Estado
iniciou um périplo pelos 16 concelhos do Algarve com vista a promover a atividade turística na região.
Além da secretária de Estado, a iniciativa contou com a presença do vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, Carlos Abade, do presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.
Durante o jantar, foram também debatidos diversos assuntos relacionados com a cooperação fronteiriça entre Portugal e Espanha.
Antes do jantar-reunião, que decorreu no Hotel Vasco da Gama, a secretária de Estado do Turismo visitou a praia de Monte Gordo, a convite da presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Conceição Cabrita.