AVARIAS

Cinco dias sem televisão e estou como novo

Estive envolvido durante cinco dias num evento (tinha jurado nunca pronunciar a palavra evento. Mas o primeiro ministro também tinha prometido não cortar pensões. Falta-me falar em sinergias e transversalidade mas fica para a próxima) chamado, Festas do Basquetebol. Realizou-se em Albufeira vai para uma semana e reuniu mil jogadores jovens de entre todo o Portugal que tenta meter (mas muitas vezes não se consegue, paciência) uma bola cor de laranja num cesto de metal e rede. Estiverm presentes Portugal Continental e Ilhas Adjacentes para usar uma expressão tão politicamente incorrecta e por isso em desuso. Às vezes vem por bem o politicamente correcto. Então já lhes disse onde estive e só falta referir que no meio de tudo isso e por vias conjunturais (alojamento) e estruturais (trabalho) não pus o olho em cima de uma televisão durante esse período. Onde quero chegar é que por horrível que possa parecer e é, tive saudades da televisão. Não de uma série ou programa mas de estar espernegado a carregar num comando sem pensar em quase nada. As saudades de um objecto, não são, as que tenho de um gato que desapareceu, que essas estão num segundo nível, logo a seguir às pessoas. Saudades da televisão estão, diria, aí num oitavo ou nono degrau das coisas que por uma qualquer razão que não posso precisar me atingem e não consigo situar nas minhas escalas de pensamento. Ou seja, por este trôpego andar ainda nascem asas aos carneiros e pernas aos peixes: não me admirava nada.

Neste preciso momento passo os meus olhos pelo Fashiontv. É o canal mais relaxante que conheço. Os canais de televisão dividem-se entre relaxantes e não relaxantes. A RTP2 não é relaxante porque tem bons filmes e programas mas também maus filmes e programas que se querem passar por bons. Como precisou David Foster Wallace num dos seus artigos transformados em livro, os filmes fáceis não precisam do nosso investimento. É o sonho gratuito. Nos difíceis temos que pensar para percebermos tudo aquilo que nos querem dizer. Ou seja ver filmes difíceis é como pagar para trabalhar, diz Wallace. Pensando nisso podemos alargar o âmbito da nossa ideia. Ver um filme difícil e mau mas que se passa por bom, é como pagar para trabalhar com a agravante que somos despedidos logo a seguir, tendo ainda que indemnizar o patronato. Por exemplo a TVI não é – pelo menos para mim – um canal relaxante. Tirando os momentos de informação (uma espécie de jornal tabloide em versão televisiva), o resto – pelo menos em horário nobre – é uma espécie de adição entre as novelas, os realitichous e os espectáculos de má índole, feitos para sacar telefonemas à populaça. Aqui temos que não nos relaxar para não embrutecer. O Fashiontv é no sentido atrás descrito um canal em que não precisamos de investir nada como na TVI, mas que ao invés desta não nos traz danos colaterais. Para quem gosta de mulheres e homens bonitos (ao mesmo tempo ou alternadamente. Há para todos os géneros), boa música e roupa em condições, não há melhor.

 
Fernando Proença

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