A questão da semana, são as questões da semana: Tancos e CR7. A questão da semana é sempre desprestigiante para alguém e prestigiante para o CMTV, TVI, SIC e porque não para a RTP?, que não é menos do que todas as outras. Prestigiante (ou aparentado com isso), no curioso sentido que a palavra toma no nosso país das notícias quentes: quanto pior melhor. Em relação a Tancos, faço minhas as palavras do nosso presidente da República: a justiça que faça o seu trabalho e – digo eu – prognósticos só depois do julgamento. A única coisa em que aposto é que quem se vai sair mal serão as patentes mais baixas. As de capitão para cima podem sofrer um ou outro revés, mas um destes dias (mais mês, menos mês) todos eles serão reconduzidos ao posto que tinham, recebendo os retroactivos a que dizem ter, legitimamente, direito. Tudo a bem da nação. Quanto a CR7 a coisa fia mais fino: mete CR7, sexo; sexo não consentido (a fazer fé na acusação); o cunhado (ou ex-cunhado, como agora se diz), e o amigo de CR7. De todo este embrulho só me lembro o que adiantamos sobre a rapidez ou lentidão em que se processam os ciclos das nossas vidas. Por exemplo, sobre as homenagens que prestamos aos cidadãos depois da morte: como alguém antes de mim já o disse, uma das razões que explicam por que só damos nomes de pessoas mortas a aeroportos (acrescento, ruas, estádios e chafarizes) é, exactamente para evitar barracas destas. Mesmo alguns santos mortos estão para a virtude, como os vencedores da Volta à França em bicicleta para o consumo de substâncias proibidas: só se sabe que não as tomaram, dez anos depois da vitória. Os portugueses em geral estão muito próximos do seu craque o que não me espanta, género o rapaz pode ter armado o que armou, mas o que não faz uma mãe pelos seus filhos? (pressupondo que a pátria é a mãe – uma segunda mãe, que o clã Aveiro não é para brincadeiras). E estarem muito próximos do craque quer dizer muitos likes no feicebuc, entrevistas crédulas na televisão e idas à igreja (que não terá, no caso vertente, grande coisa que argumentar) em nome do nosse menine d’oure, que é como se pronuncia CR7 na ilha da Madeira. Também vos digo meus amigos, que se tratasse de um jogador do Penafiel, entalado por um crime de natureza sexual, no Brasil, onde teria pagado mil euros para alguém se calar, já lhe teriam, as nossas feministas de serviço, rezado a sorte. Assim, sendo Ronaldo, outro galo cantará. Uma coisa será verdade caro leitor: se está a pensar comprar uma camisola da Juventus com o número sete, benzida pelo Papa, espere mais um mezinho ou dois pelas promoções de Natal (todas as camisolas por menos cinquenta por cento, ou duas pelo preço de uma).
Fernando Proença
