AVARIAS: E a vida são dois dias

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Colaboradora. Designer.

Estou num Sábado à noite frente à televisão, um bocadinho desesperado com o futebol, isto para vos lembrar que vejo canais mais ou menos generalistas. Desesperado com o futebol, porque não se vê outra coisa, qualquer que seja o lado para que me volte. Vou ser um bocadinho mais preciso: se fosse futebol que os canais vendem ainda vai que não vai, mas o que se vê é um ‘ersatz’, feito de uma amálgama de opiniões, pontos de vista, notícias do oculto e locutores a relatarem uma coisa que não estamos a ver. Claro que tudo isto é potenciado, pelas práticas dos intervenientes directos (jogadores, dirigentes e treinadores), que sujeitos a um código deontológico que os obriga a entrevistas rápidas, conferências de imprensa e tudo o que possa ser consumido, acabam por não dizer nada. Tudo tem um tempo e o de agora é um bocado tolo, com as declarações a serem, por força das circunstâncias, iguais, e com pouco sumo para espremer. Por exemplo no basquetebol, quando treinadores e jogadores falam, dizem sempre alguma coisa inteligível: aqui, o problema é a loucura que atravessa um jogo, com música e outros sons adjacentes, locutores (speaker na gíria), cheerleaders, tudo sem um descanso para a cabeça e ouvidos, directamente importado dos states e sem (pensava eu), nenhuma ligação com a nossa realidade. Ainda sobre futebol: esta semana ouvi sistematicamente opinadores e paineleios vários, considerando exagerado certa exposição e discussão de umas imagens vistas a um treinador e um jogador muito conhecidos na praça. Mas quem é que expôs e discutiu as cosas se não eles? Eles e mais uns milhares, mais ou menos anónimos, é certo. Também se vai ouvindo que, cada vez mais, só contam os chamados grandes. Mas se são esses convidados, eleitos em função de serem adeptos, fanáticos e adeptos fanáticos dos chamados grandes, vão falar de quem?
Em televisão existe um livro de estilo para o Natal e outro para a Páscoa. O do Natal é uma mistura (como gostam de dizer em TV), entre o sagrado e o profano. A Páscoa é mais religiosa e como todos sabemos (os do carnaval de Torres Vedras sabem melhor), com a Igreja (e, se bem me lembro, o PS) não se brinca. Por isso o “Sozinho em Casa”, espreita sempre a vinte e dois de Dezembro, mas em Abril o mais afastado da igreja que passa nos canais generalistas é o filme “Código Da Vinci”, em que entra a igreja, mas não os santos que se fazem crer. O Carnaval é por isso o parente pobre, não sendo uma coisa nem completamente a outra. O mais que se vê nas nossas televisões é, tirando um ou outro filme, o cortejo pobre e desengraçado de uma imitação do carnaval brasileiro em que desfilam uns quantos tugas que, nesta altura tomam o nome de “foliões”, quase sempre com uma perfeita cara de frete. É certo que as temperaturas mais elevadas dos últimos anos, têm vindo em socorro das raparigas que se despem para a ocasião mas a verdade é que tudo aquilo é muito pior (pelo menos é essa a minha experiência) “ao vivo” que em TV. Em abono da verdade.

Fernando Proença

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