AVARIAS: E agora uma palavra de uso muito português: proibir

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Colaboradora. Designer.

Li, algures, na mama (deveria ter escrito “no seio”, mas quis uma pequena variação) de um órgão de informação séria (da estranja), que em Portugal milhares de pessoas se têem manifestado contra os novos programas com que SIC e TVI, presenteiam o voyeur que está dentro de – quase – todos nós. São todos, variações para engate em que uns, mais ou menos maduros, fazem pela vida e tentam a sua sorte, no presente ou no futuro, em termos de ganhar um empurrão na vida ou uns trocos em futuras presenças em discotecas, bares e outros locais de perdição. Os programas em questão passam-se (como os meus quatro leitores devem estar inteirados) dentro de automóveis, bar, encontram mães que vão na conversa e, por agora, agricultores (jovens ou quase jovens). No futuro, quando se esgotarem as ideias, será a vez dos pescadores, pedidos de namoro em automóveis da Uber (passe a publicidade), pais (não são menos que as mães) a tentarem despachar os filhos de casa, e mães com filhos homossexuais que não veem a hora de os desencalhar, agora que começaram a fazer armários com portas maiores. Até onde poderão ir as ideias para futuros programas, só Deus saberá, isto se o tema for à volta da secção sénior do corpo de escutas, ou referente a outras questões que a minha religião não me permite divulgar. O jornal que noticiava a situação, chamava a Portugal um país “médio”, capaz de consumir lixo inorgânico em forma de televisão, ma non troppo, ou seja, com uma capacidade finita de aguentar o que habitualmente se aponta como subprodutos televisivos. Nunca tinha ouvido chamar a Portugal um país “médio”, mas é capaz de não se andar muito longe da verdade. Lembro-me que mesmo a ditadura do Estado Novo, foi, pelos padrões (e tirando uns períodos mais duros, principalmente até aos anos 60) uma ditadura média, com guerras médias, presos médios e uma PIDE média. A censura era lixada e o medo sempre presente, mas mesmo sem polícia continuamos a ter, hoje, uma opinião pública média, muitas vezes com picos de censura, realidade que pode não ser completamente má, mas nunca é boa. Porque (penso eu), não existe moldura penal para proibir este tipo de programas na televisão, não entendo a atitude censória de uma parte dos consumidores televisivos. Lá não se esquartejam, nem comem (literalmente) pessoas, mas se existe um leve odor a sexo é o fim. Nisso só somos um bocadinho melhor que os americanos médios, que dizemos repudiar. Para eles, filmes em que se cortam pessoas às postas e comem com vinho, ou metralham dezenas de maduros, podem ser vistos por crianças de doze anos. Fitas em que a actriz principal usa uma saia dez centímetros acima do joelho, já não se sabe se deveria passar no circuito comercial sem uma barrinha a tapar a perna. Podia sugerir que, em relação a estes programas de mau entretenimento, e não gostando, se podia mudar de canal. Mas serão as pessoas mais velhas que não têm mais do que os quatro canais (ou cinco com o ARTV, que mais valia não terem), que terão essa atitude censória, que escrevem cartas e mandam E-mail a protestar? Não me cheira…

Fernando Proença

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