Avarias: Futebol e polícia

As vantagens de se escrever depois dos factos ocorrerem, principalmente quando o assunto é futebol, só têm paralelo na influência do vento levante no aquecimento da água do mar algarvio: não há como duvidar. Por isso bem podia perorar sobre a estado da nossa selecção de futebol, e o medo profundo que continuamos a ter de equipas como as da Alemanha, mas só depois do resultado do jogo. Tanta conversa sobre o não ter medo para aqui para acolá era, absolutamente sintomática, do medo que tínhamos e continuaremos a ter – os gajos são focados, pesados, competitivos e não são parvos com a bola nos pés.

Penso que o problema não é ter medo – isso obriga-nos a ficar mais atentos – mas o de não se saber ou poder encará-lo com as armas que, já não temos, basta olhar um pouco para a história: no tempo em que eramos pele e osso e um bigode a enfeitar (anos oitenta), sabíamos do nosso atraso físico e por isso criámos uma espécie de futebol – tuga, com médios que não tinham velocidade, mas sabiam jogar à bola (nem à paulada lha tiravam) e pareciam uns mastins, agressivos e chatos para os adversários.

Hoje, um bocadinho mais fortes, mas não tanto como se pensa, tentamos jogar de igual para igual, mas continuamos sem a pedalada e deixámos de saber jogar à bola, pelo menos como o faziam Deco, Rui Costa, João Pinto e Figo só para lhes falar de jogadores dos anos mais próximos. Agora estamos naquele momento em que os argentinos em determinada altura, e quando as coisas corriam mal, se reviam: os que sabem jogar à bola não têm força e os que têm força não sabem jogar. Por isso, o problema – já o Avarias, armado em forte, tinha avisado – é o nosso meio-campo principalmente quando, como no jogo com a Alemanha, prima pela sua ausência.


No amc passa, semanalmente Rocco um policial italiano bastante razoável. Rocco é um inspector que por obras realizadas em nome da decência (segundo parece deu um enxerto de porrada – parece que merecido – um pouco à margem da lei, no filho de um importante de Roma), foi exilado, pelos seus chefes, que não gostaram nada da ideia, numa cidade dos Alpes italianos: por isso o ambiente foge ao normal das séries transalpinas, habitualmente ubicadas em Nápoles ou na Sardenha, vá-se lá saber porquê.

Aqui (com Rocco) manda o frio, a neve e o ambiente criado a partir daí. Como já deviam ter percebido, se as minhas palavras se fossem claras é que Rocco é todo uma figura (sempre com uns problemas de amor não resolvidos), agindo muitas vezes à margem da lei, mas sempre pelos melhores motivos e uma incapacidade para comprar sapatos adaptados à neve. No final, um bom coração com muita piada a comandar uma equipa da esquadra que não prima pelo profissionalismo. O único problema é que os episódios são aos pares (por exemplo o que começa no 3 acaba no 4, uma semana depois) e isso dificulta (podemos levar menos dias para ver o segundo, se gravarmos o primeiro, vendo-o mais tarde, mas precisa de alguma engenharia) a compreensão, porque as histórias são sempre muito intricadas. Até quinta.

Fernando Proença

Deixe um comentário

Exclusivos

Agricultura regenerativa ganha terreno no Algarve

No Algarve, a maior parte dos agricultores ainda praticam uma agricultura convencional. Retiram a...

Liberdade e democracia na voz dos mais jovens

No 6.º ano, o 25 de abril de 1974 é um dos conteúdos programáticos...

Algarve comemora em grande os 50 anos do 25 de Abril -consulte aqui a programação-

Para assinalar esta data, os concelhos algarvios prepararam uma programação muito diversificada, destacando-se exposições,...

Veículos TVDE proibidos de circular na baixa de Albufeira

Paolo Funassi, coordenador da concelhia do partido ADN - Alternativa Democrática Nacional, de Albufeira,...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.