Campanha do BE irá muito à boleia da renegociação da dívida, como ficou claro no comício de abertura. E Louçã cobra dividendos por ter sido o pioneiro da proposta.
Antes de partir para a estrada, Francisco Louçã reivindicou desde logo uma “vitória”: ter criado um “consenso nacional” em redor da necessidade de renegociar a dívida, que se torna assim uma questão de “sensatez” e de “prudência”.
“Como nós, as pessoas sabem que proteger juros agiotas é atacar os salários, os reformados, os precários, é a destruição do país”, afirmou.
Louçã insistiu na acusação de que há um “ataque da troika contra Portugal” e classifica como “aventura irresponsável” a posição de PS, PSD e CDS.
Os donos de Portugal
A acusação ao Governo de estar a “assegurar” um bónus de mais 10 mil milhões de euros aos concessionários das SCUT foi a principal carta tirada da manga no primeiro dia da campanha bloquista.
A alegação conduz a uma provocação explícita ao primeiro-ministro. Referindo-se ao debate televisivo entre ambos, no qual o líder socialista disse não saber quem são os “donos de Portugal”, Francisco Louçã afirmou ontem em Lisboa: “Senhor engenheiro José Sócrates: abra a sua agenda e veja os nomes dos empresários com quem se encontrou para assegurar aquela renda extra de 10 mil milhões de euros. Esses são os donos de Portugal, donos do desemprego, da desigualdade e da pobreza”.
O líder do BE, que interveio depois de Ana Drago e Luís Fazenda, voltou a defender um Governo de esquerda, mas não se comprometeu com a enumeração dos seus integrantes.
O almoço-comício no Pavilhão Atlântico foi a única iniciativa do BE no domingo. Hoje, segunda-feira, as questões ambientais estarão na agenda, com uma visita matinal à Valorsul, estação de tratamento de resíduos urbanos nos arredores de Lisboa.
Da parte da tarde haverá uma arruada na Cova da Piedade. A jornada terminará à noite no cinema São Jorge, em Lisboa, com a projecção de um documentário sobre a situação económica e social da Grécia. Louçã fará os comentários ao filme.
