Breve missiva

Depois do deprimente espectáculo da propaganda eleitoral (deprimente, mas faz parte), em que políticos circulam, provavelmente pela última vez nas suas vidas, nos barcos para o Barreiro (só para vos dar um pequeno exemplo demonstrativo), vamos ler e ouvir o que nos têm a dizer alguns iluminados, a respeito do dia antes da votação e da proibição de qualquer manifestação da dita propaganda no que se chama tecnicamente, “dia da reflexão”. Para eles é mau, sinónimo do nosso atraso; para mim é maravilhoso; o silêncio, um gajo poder ir ao mercado sem dar de frente com o Ventura, as televisões de novo viradas para as guerras, secas e cheias – segundo essa ordem, enfim a vida como ela é! Haverá talvez, por esta altura, uma razão de peso para que se acabe com este interlúdio de um dia e que se chama voto antecipado: ganha terreno e suspeito que no futuro, mais gente vai antecipar a votação até que um dia, os antecipados serão mais do que os votantes no próprio dia. Nessa altura vai o jogo abaixo, volta tudo à estaca zero e tem que se restringir ao máximo as antecipações, para depois voltarem a antecipar e assim sucessivamente até ao fim dos dias, daqui a não sei quantos milhões de anos.

Regressemos ao presente: o fim das arruadas (termo horrível, já vos tinha confessado) é, em si, um benefício sólido e só a malta que gosta de ajuntamentos, mas detesta futebol, é que dará pela falta da agitação. Pela minha parte estou como milhões de outros portugueses, apenas sei em quem não vou votar, mas em democracia e no espaço europeu este espírito vai tornar-se cada vez mais normal, ou como se dizia há dois anos a esta parte, “o novo normal”. Cá o velhote, enquanto caminhar para a urna fará a tal escolha ou então não, que os votos em branco também são gente. Entretanto não me vou preocupar muito; o dinheiro é finito e tudo vai correr da forma como se esticar o lençol que é pequeno e depende sempre o lado para que o puxamos. Se houver ganho nos salários vamos pagar mais pela gasolina, se o IVA da restauração descer, gastaremos mais em portagens etc., etc. Claro que há sempre a hipótese posta pelos liberais com a conversa de baixar impostos para alargar a base contributiva, mas duvido sempre dos tugas (e, por conseguinte, dos nossos liberais), a fuga ao fisco está inscrita no nosso ADN – atenção ao lugar-comum, não atravessar a estrada sem olhar para a esquerda e para a direita.

De uma coisa tenho a certeza, o treinador do Benfica percebe tanto de bola como eu domino islandês antigo e digo-vos amigos meus, o meu entendimento do islandês arcaico é total. Está no meu ADN. O vosso mentiroso de estimação que se assina;

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