Com certeza que já ouviu falar da Garvetur ou já se deparou com uma das 21 lojas espalhadas pela região. Para quem ainda não conhece vamos dar uma ajuda. A Garvetur é uma das maiores empresas do Algarve, com transações anuais que ultrapassam os 200 milhões de euros e uma faturação que ronda os 35 milhões ao ano. Oferece aos seus clientes serviços “chave na mão” e assessoria global de serviços de todo o ciclo de investimento do imobiliário. Mas vamos por partes.
A Garvetur S.A. atua no mercado desde 1983 e é a empresa âncora do Grupo Enolagest. Este grupo oferece um modelo inédito de serviços em Portugal ao proporcionar sinergias entre as 41 empresas que compõem o universo empresarial, na prestação de consultoria e serviços a todo parque imobiliário de investimento, mediação, compra, venda, construção, reabilitação, manutenção, reparação, decoração de interiores e espaço exterior, assim como a gestão de imóveis, aluguer de casas para férias, mediação de seguros e aluguer de viaturas. A Enolagest diversificou também as suas atividades para as áreas de educação, formação profissional, gestão de recursos humanos e trabalho temporário.
Foi no Centro de Negócios Vilamoura Jardim, a “casa” do Grupo Enolagest, que fomos recebidos pelo CEO Reinaldo Teixeira, talvez um dos empresários mais consensuais da região e reconhecido pelo seu espírito empreendedor e visionário (porque só assim se consegue “dar o salto” de uma empresa familiar de Quarteira para um negócio com influência nacional e internacional, diríamos).
Reinaldo Teixeira é o homem forte do Grupo Enolagest e um empreendedor nato.
A sua vocação já o levou a ser considerado um dos “Portugueses de Valor” pela Lusopress, em 2016, a ser distinguido como “Melhor Mediador Imobiliário Português 2018” pela Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa e “Personalidade Ano 2018” na área do Turismo, pela Magazine Imobiliário.
Para Reinaldo Teixeira, um “orgulhoso” algarvio, a razão do crescimento da Garvetur “é simples”: “Sempre tivemos uma grande vontade de fazer mais e melhor dentro das necessidades de mercado. Temos a sorte de ter connosco um conjunto de pessoas que estão permanentemente insatisfeitas, que por muito que façam bem estão sempre à procura de fazer melhor. As pessoas são o segredo da nossa alavanca do crescimento”, afirma ao JA.
Clientes que se tornaram amigos
“Para além da vontade de crescer e empreender, temos a sorte de ter feito muitos amigos ao longo destes 40 anos. Clientes que passaram para amigos, muitos deles anónimos que são nossos embaixadores. Temos relação com clientes espalhados por todo o país e nos quatro cantos do mundo. A ligação com a imigração é muito forte”, acrescenta.
A carteira de clientes da Garvetur integra os mais prestigiados grupos com operações imobiliárias no Algarve, Lisboa e Porto, bem como outros inúmeros promotores imobiliários, cadeias hoteleiras, entidades públicas e privadas espalhadas pelo país. A sua rede de agentes e parceiros tem uma cobertura mundial, permitindo a internacionalização da marca e dos serviços.
Todas as empresas de sucesso nascem para colmatar necessidades e foi exatamente essa a ideia de Reinaldo Teixeira. “Em 1983, há precisamente 40 anos, tinha eu 19 anos e sentimos a preocupação de criarmos um leque de empresas de serviços dentro do ciclo imobiliário-turístico”, recorda.
Empresas atuam dentro e fora da Organização
A Garvetur Propriedades, Garvetur Férias, Visacar (aluguer, compra e transferes), Alvarsol (serviços de lavandaria), Casa Pronta (manutenção e serviços de limpeza), Bolsa de Condomínios (gestão de condomínios), EG Mediação de Seguros (seguros e crédito), Visatempo (RH e trabalho temporário), Arta Design e D&D – Design & Decor são algumas das 41 insígnias criadas para servir internamente mas também o exterior.
Mais de 700 colaboradores e 21 lojas
Num universo de dezenas de empresas, no período de época alta a Garvetur acolhe mais de 700 colaboradores, não contando com mais umas centenas de trabalhadores temporários. Na época baixa, entre novembro e maio, o número baixa para cerca de 400 colaboradores.
Com 21 lojas espalhadas por todo o Algarve e um portfólio de empreendimentos nos principais núcleos turísticos, a intenção de Reinaldo Teixeira é expandir o grupo, estando a ser estudada a hipótese de abrir “em breve” mais duas lojas – Olhão e Vila Real de Santo António. “A ideia é termos em cada concelho uma loja da Garvetur para proporcionar serviços aos clientes, investidores e turistas nos vários concelhos”, refere.
Base são as pessoas
A vontade de crescer está no ADN da empresa e prova disso é a abrangência nacional do Garvetur. “Fomos para Lisboa há 14 anos e abrimos na Beira Baixa há cerca de dois anos. Estamos também a estudar a hipótese de abrirmos no Porto e também nas Ilhas. Põem-se a hipótese de abrirmos em mais locais nas principais capitais de distrito. A ideia é continuarmos a crescer mas com calma, sem grande ansiedade. A base principal disto são as pessoas e quando sentimos que temos pessoas capazes – em competências e valores – para desenvolver a atividade nesses locais avançamos”, explica o responsável.
Proximidade com a UAlg
De forma a acompanharem a evolução do setor, participam frequentemente “em feiras e congressos”, estão “atentos às novas tendências”, cultivam a relação “com empresas nos mercados mais desenvolvidos a nível tecnológico” e apostam na componente académica de partilha de conhecimento, experiências e “na proximidade com a Universidade do Algarve (UAlg)”.
A preocupação com a formação também é constante: “Temos a +Academia para formar os nossos recursos humanos através de formadores locais, nacionais e até estrangeiros. Sabemos que o que agora é, amanhã já não é. Os nossos 40 anos não servem para estarmos quietinhos quanto ao futuro. Serem sim de história, conhecimento e relações mas reconhecemos sempre que a evolução é constante, ao segundo até. Temos abertura total para encaramos isto como se estivéssemos chegado agora ao mercado”, vinca.
Preços sobem, ‘stock’ baixa
Durante a conversa, desafiámos Reinaldo Teixeira, especialista em gestão imobiliária imobiliária, a fazer a avaliação da “saúde” do investimento imobiliário na região. “Nos últimos 40 anos o crescimento tem sido constante o investimento e a valorização no terreno e nos imóveis sempre foi muito superior e por isso há quem diga que o imobiliário é um refúgio, um refúgio que valoriza. Está a aumentar o investimento porque cada vez as áreas de construção são mais limitadas, logo, havendo pouco ‘stock’ e poucas áreas para construir, os preços aumentam, aumentam os preços dos terrenos, as construções…”, retrata.
“O preço por metro quadrado de construção num espaço de cinco anos passou de 500 euros/m2 para quase 2000/m2. Vejo o Algarve e Portugal como cada vez menos dependente de um ou dois mercados. Cada vez mais o mundo conhece-nos e quer viver no Algarve. Tive vários amigos que me diziam que vinham viver para o Algarve quando se reformassem acabaram por vir antes”, observa.
Mercados em ascensão
A par da típica predominância do mercado inglês e da consolidação do mercado irlandês, francês, alemão, holandês, belga, entre outros, Reinaldo Teixeira explica que nos últimos três anos tem havido um crescimento “muito significativo” do mercado brasileiro no turismo mas também no investimento. O mesmo acontece com os americanos no segmento médio-alto.
Um “bom” momento
O empresário considera que o Algarve é a região “com mais margem para crescer” e atenta que não é por acaso que as principais marcas internacionais se têm ficado cá. “Nos últimos cinco anos temos visto os grandes grupos imobiliários e de arrendamento a fixarem-se na cá e isso traduz o potencial de crescimento da região. Estamos a atravessar um momento bom e temos de atrair investimento para fazer com que a economia funcione e que se possam remunerar melhor as pessoas e as equipas”, defende.
Relativamente ao desafio entre crescimento e sustentabilidade, o CEO da Garvetur considera “essencial” o planeamento. “A questão da sustentabilidade é determinante e é preciso ouvir os técnicos e os especialistas da área. Conseguimos hoje mais sustentabilidade através de um melhor paisagismo mas também gastando menos recursos, menos água (…)”, refere.
“Sem crescimento não há sustentabilidade”
“Defendo que haja respeito pela sustentabilidade e tudo aquilo que permite que sejamos mais amigos do planeta. Há um grande trabalho feito pelos municípios e em particular pela CCDR para conseguirmos ter mais água no futuro. (…) Não aceito que o crescimento ponha em causa a sustentabilidade mas se não houver crescimento não há sustentabilidade. Se paramos com a economia e com o turismo, como sobrevivemos? É necessário sim um equilíbrio que permita que se façam coisas e que haja qualidade de vida sem poluir e estragar”, advoga.
Ainda sobre a construção e o investimento imobiliário na região, o também vice-presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) defende que “tem de haver mais produto”, que se deve “manter e preservar as zonas históricas” e o planeamento do tipo de construção “consoante as zonas”.
Quanto à atualização dos PDM’s, “há que não ter medo em assumir mais áreas de habitação ou serviços porque é necessário fazê-lo para termos expansão… O nosso território é grande. Não sou defensor do excesso de construção mas também não sou defensor do excesso de zelo que prejudica a evolução da região”, refere.
Falta de mão de obra é problema “geral”
Questionado sobre a problemática da escassez de mão de obra, reconhece que é um problema “geral”, que afeta o Algarve em particular. “No nosso caso, na estrutura base não temos tido essa dificuldade”, também graças ao facto de possuírem uma uma empresa de RH e recrutamento personalizado. Contudo, afirma que no âmbito regional “há medidas que têm de ser tomadas”.
“Cada vez mais é preciso mais pessoas. Vamos buscar pessoas a outras regiões do país e fora do país e aí deve haver uma política clara de como captar pessoas e de que países. Tem-se recorrido a África e ao Brasil pelas facilidades da língua porque é importante que quem trabalha fale a língua dos clientes mas também a língua matriz para onde vão trabalhar”, destaca.
“Não tenho a opinião de que não há pessoas para trabalhar. A nossa região tem crescido ano após ano e há mais apartamentos, mais moradias, mais empresas, ou seja, isso traduz-se numa maior necessidade de pessoas. Esse crescimento faz com que se sinta que não há pessoas mas há, a necessidade de pessoas nos serviços é que cresceu”, distingue.
Fim do AL não é solução para habitação
Reinaldo Teixeira também tece opinião acerca da crise na habitação: “Hoje urge criar condições para criar formas de habitação, um problema que não se resolve, na minha opinião, com o fim do alojamento local. Essa medida é contra a habitação. É uma política que vem desarrumar o que está arrumado, é criar dificuldades naquilo que faz a economia funcionar e, consequentemente, se a economia funciona e há receita a partir daí, em vez de se investir parte desse dinheiro em habitação a custos controlados, deixamos de ter essa receita. É algo que espera que seja repensado e que o façam de forma diferente”, deixa o alerta.
“Temos sim de criar melhores condições de habitabilidade, verificar as necessidades habitacionais regularmente em vez de 20 em 20 anos, ter transportes que não sirvam apenas os turistas, que operem dos centros de emprego para as habitações no litoral, na serra ou no Barrocal, numa ligação horizontal e vertical que dinamize a região”, sugere.
Face à diminuição do número de turistas portugueses durante este verão na região, o empresário desvaloriza e nega uma saturação do produto Algarve face aos preços praticados na hotelaria. “Há unidades hoteleiras que têm mais clientes do que no ano passado. É algo subjetivo. E mais portugueses do que no ano passado. É verdade que o custo de vida aumentou, os preços do alojamento cresceram mas o Algarve é cada vez uma região mais apetecível”, garante.
Qualidade do destino Algarve é “superior”
“Acredito que temos destinos no mundo que são mais baratos mas se compararmos a qualidade desses destinos com a qualidade do Algarve, e isso dito por vários clientes, a qualidade que o Algarve tem e oferece é superior”, assegura. “Este verão os clientes dizem-nos que sentem o serviço melhor”, exemplifica.
Para terminar, desafiamos Reinaldo Teixeira a perspetivar o futuro da Garvetur. “(…) Hoje o nosso grande desafio é conseguir deixar isto preparado para que nós, mesmo de cajado, tenhamos isto a funcionar e consigamos ver a empresa a crescer”, começa.
“Depois temos o desafio de ter uma estrutura cada vez mais profissional, cada vez menos dependente de uma pessoa, mas sim de várias, por área, de uma equipa, para vermos isto a continuar no tempo. Nunca perdendo de vista os valores da empresa – a vontade de crescer e fazer acontecer. O foco está na qualidade, na eficiência e queremos que os clientes se surpreendam com o serviço”, acrescenta.
“Com a ambição e a vontade das equipas em fazer mais e melhor continuaremos por muito anos”, termina.
Reinaldo Teixeira, um algarvio de valor
Reinaldo Teixeira nasceu em 1964 no Sítio da Pena, em Salir, no concelho de Loulé, vila pitoresca da serra do Caldeirão, onde cresceu. Estudou Gestão e Angariação Imobiliária no Instituto Superior Dom Afonso III, em Loulé. É atualmente CEO da Garvetur e da Enolagest. Sendo um dos ‘players’ de referência no imobiliário turístico do Algarve, a sua profunda ligação à região expressa-se pela responsabilidade social das suas empresas. Reinaldo Teixeira está envolvido em variadas organizações e iniciativas de carácter cívico, cultural e educacional, quer em Portugal quer a nível internacional. Integra também o corpo diplomático, como cônsul honorário do Brasil no Algarve. É vice-presidente da Direção da Federação de Turismo Rural desde 2016.
É membro dos conselhos consultivos do Turismo Português e da Construção e do Imobiliário na CIP-CEP – Confederação Empresarial de Portugal. A sua paixão de infância pelo desporto, designadamente o futebol, que o levou à sua nomeação para coordenador nacional dos Delegados Avaliadores da Liga Portuguesa de Futebol.
Atualmente cumpre o segundo mandato como presidente da Associação de Futebol do Algarve. É também membro do Conselho Consultivo para a Qualidade da Universidade do Algarve desde 2016.
