Câmara de Aljezur diz que desobstrução de ribeira feita por cidadão “é ineficaz”

Um homem foi filmado, esta semana, a retirar a areia arrastada pelo mar para a foz da ribeira, que desagua junto à praia da Amoreira, onde a água fica estagnada a montante

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A desobstrução da foz da ribeira de Aljezur feita voluntariamente por um cidadão é ineficaz para garantir o escoamento da água para o mar, afirmou fonte da autarquia, que considerou não fazer sentido punir o indivíduo.

“Ninguém condena aquilo que ele fez, nós não condenamos. Foi mediático e foi engraçado ver um homem abrir aquilo [a foz da ribeira para o mar] com uma pá, mas a verdade é que o trabalho não tem a eficácia que se pretende, porque nós vamos ter que intervir na mesma”, afirmou o vereador da Câmara de Aljezur com o pelouro do Ambiente, António Carvalho.

O autarca fez esta declaração ao ser questionado sobre a atuação de um homem filmado esta semana a retirar a areia arrastada pelo mar para a foz da ribeira, que desagua junto à praia da Amoreira, em Aljezur, onde a água fica estagnada a montante.

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António Carvalho classificou o trabalho realizado pelo cidadão como um “ato de voluntariado”, mas sublinhou que o mesmo não tem efeito e as autoridades ambientais, em parceria com o município, vão ter de intervir com máquinas para desassorear a foz da ribeira, estando a intervenção prevista para meados de março, adiantou.

“Acho que a pessoa correu riscos ali, obviamente correu tudo bem, mas não é o ideal”, afirmou, realçando que a abertura da foz com recurso a uma pá só foi possível porque houve umas marés mais altas que “desgastaram o topo de muro de areia”, permitindo o galgamento do mar, a sua entrada na lagoa e a aproximação da água estagnada a montante da boca de saída.

António Carvalho explicou que, na maré seguinte, “já não havia tanta altura de areia” e o cidadão conseguiu abrir um canal que escoou “alguma coisa” de água para o mar.

Aquele responsável destacou que a autarquia está a trabalhar com a Agência Portuguesa do Ambiente/Administração da Região Hidrográfica (APA/ARH) do Algarve e o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) para obter as autorizações necessárias à colocação de maquinaria na praia para abrir a foz da ribeira de Aljezur.

Em 5 de fevereiro, as partes acordaram que, em caso de chuvas como as registadas na semana passada e da consequente subida do nível da ribeira, uma máquina iria “abrir um canal de fuga da água”, indicou.

“Agora, nós não conseguimos entrar com a máquina para a praia. O sítio por onde entrámos no ano passado para poder fazer este trabalho, por duas vezes, este ano não dava, porque a altura da água era tão grande que a máquina não conseguia passar lá”, lamentou, salientado que o município precisa das autorizações das autoridades ambientais para poder intervir no local.

António Carvalho disse que a Câmara sugeriu uma entrada diferente através das dunas, mas o ICNF deu parecer negativo, tendo a Câmara pedido numa revisão da decisão dada a impossibilidade de acesso pelo caminho anterior.

“E temos uma reunião agendada para segunda-feira para ver por onde vamos entrar”, referiu, estimando que será necessário “um trabalho de um mês para retirar toda a areia”.

Questionado sobre a data prevista para a intervenção, o vereador respondeu que “só vai acontecer quando, de facto, houver capacidade técnica para o fazer”, e apontou as datas de 12 e 13 de março, para as quais se preveem marés mais intensas.

“É isso que a Câmara está a agendar com a APA/ARH e com o ICNF”, concluiu.

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