CANELA MAIS FINA: Somos nós os culpados das promessas incumpridas dos políticos

Opinião de Luigi Rolla

Certamente, por um mero acaso, num intervalo de poucos dias, chegaram até nós duas informações contraditoriamente opostas, como não podia deixar de ser, vindas de dois partidos políticos.

A primeira a chegar ao meu conhecimento foi através do panfleto emitido pelo Partido Socialista local e a segunda tem origem na notícia divulgada na imprensa nacional, que mereceu os comentários do actual Presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, senhor Eng.º Luís Seromenho Gomes, e veículados no Jornal do Algarve on-line.

Comunicado do PS

O folheto faz referência aos bens hipotecados à Autarquia (Edifício da Câmara Municipal, Complexo Desportivo e Parque de Campismo). Refere também as dívidas aos Bancos, Fornecedores e Águas de Portugal, num total de 161 milhões, e o débito à Algar (lixos), mas não especificando qual o montante em débito.

Prossegue o folheto com várias perguntas, que pretendem realçar a má gestão financeira do actual governo autárquico, e termina com uma pergunta: «Quem vai pagar os desmandos desta gestão irresponsável, anárquica e desastrosa?»

…Fundo de Apoio Municipal (FAM) até ao valor de 19,2 milhões de euros.

[…] «O Tribunal de Contas concedeu hoje o visto que permitirá à Câmara Municipal de Vila Real de Santo António aceder à verba prevista no Fundo de Apoio Municipal (FAM) até ao valor de 19,2 milhões de euros.

“Através deste mecanismo de apoio constituído pelo Estado e pela totalidade dos municípios portugueses, a autarquia prossegue a sua política de consolidação das finanças municipais, injetando liquidez na tesouraria e cumprindo os seus compromissos para uma gestão responsável”, adianta o município em comunicado.

Para Luís Gomes, presidente da Câmara Municipal de VRSA, “a aprovação do FAM confere total transparência às contas da autarquia e permite pagar a dívida contraída, nos últimos anos, para realizar os investimentos num concelho que, em 2005, tinha tudo por fazer em matéria de saneamento básico e onde os esgotos corriam a céu aberto para o Rio Guadiana, colocando o Estado português em risco de pagar multas milionárias a Bruxelas”.

“Ao contrário do que encontrámos em 2005, quando assumimos a gestão da autarquia, e onde existiam faturas em dívida no valor de 30 milhões de euros, acumuladas em caixotes, que nem sequer estavam lançadas nas contas da Câmara Municipal, apostámos numa política de transparência onde iremos assumir o pagamento de todas as dívidas a fornecedores”, prossegue Luís Gomes.»

Se me perguntais de qual das duas notícias gosto mais, respondo-vos sem hesitação que gosto mais da segunda. Ninguém gosta de dever quatro mil euro sem ter tirado nenhum proveito e ademais vivendo no Concelho com os impostos mais elevados do País.

Começo pela segunda notícia, que é repetitiva, lembrando-nos mais uma vez que foram as obras dos esgotos quem desestabilizou as contas da Autarquia, e que herdou (há onze anos) uma dívida de 30 milhões do anterior executivo. Repetitivos são também o autoelogio à sua gestão (sua do Senhor Presidente).

Escusadas são as informações contidas no panfleto do PS. Mais digito menos digito, desde há muito que se fala da “astronómica dívida”. Eu preferia que os partidos da oposição nos informassem como é que os seus candidatos, se algum deles chegar alguma vez a sentar-se na poltrona de mando da nossa Autarquia, pensam regularizar as astronómicas dívidas da nossa Autarquia, que eles dizem existir. Isto sim seria interessante para todos nós. Força! No próximo panfleto digam-nos tim-tim por tim-tim como pensam fazê-lo!

Quanto à interpelação […] «Quem vai pagar os desmandos desta gestão irresponsável, anárquica e desastrosa?»

A pergunta é retórica e como tal conhecida por quem a formulou: «Obviamente SEREMOS NÓS, como sempre acontece quando os gestores públicos são incompetentes, esbanjadores ou desonestos!…»

“Roubei” o título desta crónica a Giovanni Ruggiero, especialista em psiquiatria e psicoterapia cognitiva, que escreveu um longo artigo intitulado “As promessas incumpridas dos políticos, somos nós que as procuramos”.

[…] «O que deseja o eleitor votando? Que se realizem os seus sonhos. O que é bom e justo. A psicologia sugere-nos no entanto que os mesmos eleitores que se indignam perante as promessas não cumpridas dos políticos, provavelmente não votariam um político que fizesse somente promessas certamente realizáveis.»

Senhores Candidatos, apesar do que diz Giovanni Ruggiero, por favor, na próxima campanha façam-nos somente promessas realizáveis! Tá bem?

Trata-se de uma lei imutável no mundo da política: as palavras são palavras, as promessas são promessas, as explicações são explicações, mas só o que é cumprido é realidade…» (Harold Geneen)

Luigi Rolla

Deixe um comentário

Exclusivos

Agricultura regenerativa ganha terreno no Algarve

No Algarve, a maior parte dos agricultores ainda praticam uma agricultura convencional. Retiram a...

Liberdade e democracia na voz dos mais jovens

No 6.º ano, o 25 de abril de 1974 é um dos conteúdos programáticos...

Algarve comemora em grande os 50 anos do 25 de Abril -consulte aqui a programação-

Para assinalar esta data, os concelhos algarvios prepararam uma programação muito diversificada, destacando-se exposições,...

Veículos TVDE proibidos de circular na baixa de Albufeira

Paolo Funassi, coordenador da concelhia do partido ADN - Alternativa Democrática Nacional, de Albufeira,...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.