CARLOS ALBINO

 SMS

A Universidade e a paisagem

 

Funcionou como um murro no estômago, a notícia sobre a eventualidade da Universidade do Algarve ter que encerrar como consequência das restrições orçamentais. Como murro no estômago em alguns, não em todos pelo que não se viu um forte cerrar de fileiras dos que, aqui ou ali, nomeados ou eleitos, estão investidos em funções de zelo pelos chamados interesses algarvios. Ora, deve ser dito em alto e bom som que não é possível admitir o encerramento da Universidade, e muito menos aceitar a sua absorção por Évora (fusão iria dar nisso). A sul de Lisboa, a Universidade do Algarve é a que melhor oferece um quadro de internacionalização e de contactos internacionais designadamente no quadro lusófono e em parcerias com o Norte de África e Médio Oriente, além de oferecer áreas de atuação por excelência (caso do mar e o turismo) e sugerir outras por explorar devidamente (caso das línguas). Destruir o que a Universidade do Algarve conseguiu e representa, seria um recuo de décadas e equivaleria a mais um passo para o Algarve voltar ao estado semi-colonial e de indigenato que o marcou secularmente. É inadmissível o encerramento da Universidade pelo que a região deveria ter já feito uma barragem de voz única ao cutelo, se há cutelo, quer face aos ministros das Finanças e da Educação, quer ao próprio primeiro-ministro.

 

É evidente que há falhas. É evidente que a falta de ambição cultural da população algarvia (há que reconhecer isso com verdade e humildade) não está a ser alterada pela presença da Universidade. É evidente também que a Universidade carece de dinamismo e de entrosamento com a sociedade algarvia em patamar de excelência e sem cedências a nivelamentos por baixo. E é também evidente que, não existindo um escol na sociedade algarvia, a Universidade não provocou ainda o aparecimento de tal escol com domicílio na região e sem interesses difusos. Mas isso são contas nossas – nossas, da Universidade e da paisagem que a cerca. Todavia as deficiências ou aparentes pontos fracos não permitem ao Estado varrer a região como se varre um capacho, depois do mesmo Estado ter escondido a enormidade que durante décadas recebeu do Algarve e por causa do Algarve comparada com a ninharia de investimento público feito na região da qual a Universidade é ou deveria ser o motor, um motor de que não se pode prescindir.

 

Flagrante pobreza: Pobreza mental, a de Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares em que o Banco Alimentar do Algarve se integra. Ouvimos bem o que disse, e em seis minutos com uma má ideia pode-se estragar um bom ideal.

 

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1 COMENTÁRIO

  1. Mas e a massa crítica necessária para dar continuidade de excelência de ensino na manutenção e contratação de professores convidados, quando sabemos que o evoluir demonstra cada vez mais um menor número de alunos?

    É uma condenação onde a culpa não morrerá solteira.

    Mas e o que fazer perante a agonia existente na UALG?

    (Quando inclusivamente os seus cursos começam a ter pouca credibilidade a nível académico e profissional)

    Só formar (entregar um canudo) não chega, é necessário credibilizar.

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