A Administração Pública é o setor que menos tem contribuído para o cumprimento dos objetivos de eficiência energética, disse hoje à Lusa o secretário de Estado da Energia e Inovação, Carlos Zorrinho.
“Há uma coisa com que não nos conformamos. Estamos a atingir os objetivos de eficiência energética em termos globais, mas quem menos tem contribuido tem sido a administração pública”, disse hoje o governante à margem da conferência ESCO Europe 2010, que reúne em Lisboa o sector das empresas de serviços energéticos.
“A administração pública, pelo contrário, deve ser o exemplo. Já não digo as escolas, que tem de ser o exemplo dos exemplos mas toda a administração tem de ser o exemplo”, acrescentou o secretário de Estado.
Carlos Zorrinho considerou que “se o cidadão vê desperdicio de energia num edifício público, sente-se mais desresponsabilizado por ele próprio não fazer nada para reduzir o consumo”.
Por considerar que a redução de consumo de energia “é um desafio nacional”, o Governo vai lançar o programa ECO-AP, o programa de eficiência da administração pública.
Este programa de eficiência terá três pilares que passam por “uma solução de financiamento, uma solução de incentivo/compensação e uma solução interna de responsabilização pelos comportamentos”.
Ou seja, o Governo prevê – além de criar legislação para que as instituições possam fazer contratos de eficiência energética com empresas privadas – “pôr em prática nas instituições públicas um código de boa conduta, de boas práticas em termos energéticos”, disse Zorrinho.
De acordo com um estudo promovido pela Asociação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), mais de metade da fatura energética do Estado corresponde aos edifícios públicos. Só no ano passado, o consumo de energia nos edifícios da Administração Pública ascendeu aos 260 milhões de euros, contribuindo para a fatura total de 500 milhões ligados ao consumo energético do Estado.
Os consumos nos edifícios da administração pública estão a crescer ao dobro da média nacional (77 por cento), se tivermos como referência os anos de 1994 e 2008, indicam ainda as conclusões do mesmo estudo.
AL/JA