CCMAR e FOA contestam posição de pescadores contra criação de parque marinho

A proposta de classificação do Parque Natural Marinho do Recife do Algarve (PNMRA) foi aprovada no início de junho e a sua consulta pública terminou em 4 de agosto

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O Centro de Ciências do Mar e a Fundação Oceano Azul contestaram na sexta-feira, dia 18, as acusações dos pescadores de Quarteira, que organizaram um protesto contra o projeto de criação do Parque Marinho da Pedra do Valado.

Segundo um comunicado do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve (UAlg) e da Fundação Oceano Azul (FOA), a posição da Associação dos Pescadores Armadores de Quarteira (QUARPESCA) é “baseado em diversos argumentos” que “não correspondem à realidade dos factos”.

Os pescadores de Quarteira realizaram no sábado uma marcha de protesto no mar contra o atual projeto de criação do Parque Marinho da Pedra do Valado, acusando as autoridades de falta de diálogo.

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“O processo que foi conduzido para a criação deste parque marinho não foi nem consensual, nem democrático. Temos sido ignorados. Somos muito prejudicados e queremos ser ouvidos”, disse na quinta-feira o presidente da QUARPESCA, Hugo Martins.

O CCMAR e a FOA contestam as acusações, salientando que esta é a área marinha protegida “com um conjunto de estudos prévios mais completo que se conhece em Portugal” e recusando o argumento dos pescadores de “falta de estudos prévios.

Sobre a alegada “falta de veia democrática”, as duas instituições contrapõem que o processo participativo envolveu, ao longo de quase três anos 89 entidades, naquilo que consideram ser “um movimento pioneiro em Portugal”.

CCMAR e FOA também contestam os cálculos apresentados pela Quarpesca em como haveria uma perda de três milhões de euros anuais para os associados, considerando-os “substancialmente inflacionados, porque se baseiam numa premissa incorreta”, a da eventualidade das embarcações de Quarteira deixarem de pescar em toda a área do Parque, cenário que “não está, nem nunca esteve, previsto”.

As duas entidades, num longo comunicado, contrariam, um a um, os argumentos dos pescadores de Quarteira para contestar a criação do parque marinho.

A marcha de protesto contou com 50 embarcações.

O Parque Natural Marinho da Pedra do Valado é o maior recife rochoso costeiro de Portugal continental, que se estende na zona costeira entre o concelho de Lagoa e o de Albufeira, abrangendo uma área total de mais de 150 km2.

A proposta de classificação do Parque Natural Marinho do Recife do Algarve (PNMRA) foi aprovada no início de junho e a sua consulta pública terminou em 4 de agosto.

Segundo a CCMAR, o Recife da Pedra do Valado é o maior recife rochoso costeiro, a baixa profundidade, que existe em Portugal e que abrange a costa de Albufeira, Lagoa e Silves.

“Este é também um ecossistema ímpar, que beneficia de condições naturais singulares e que suporta uma biodiversidade marinha única na costa portuguesa”, indica o CCMAR.

Segundo o centro, estudos feitos desde há 20 anos identificaram o recife como uma das áreas “mais ricas e produtivas da região, com muitas espécies com interesse comercial e com interesse para a conservação, incluindo espécies novas para a ciência”.

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