O acordo internacional é “miserável”, mas FMI e BCE não são os únicos adversários. A CDU elege ainda o PS, PSD e CDS como a “troika da submissão” que é preciso “combater com todas as forças”.
A campanha da CDU abriu ontem com um comício em Lisboa e uma casa meio cheia, que só as bandeiras agitadas pelos militantes conseguiam disfarçar, compondo para as televisões um cenário digno de campanha eleitoral.
No palco, acumulavam-se deputados, sindicalistas e altos quadros do partido comunista. Heloísa Apolónio, a deputada dos Verdes e Jerónimo de Sousa, o líder comunista tiveram, porém, as honras dos principais discursos que marcaram a jornada. Ambos convergiram nos ataques ao acordo com a troika internacional, aos “35 anos de Governos PS, PSD e CDS” e aos apelos ao voto útil, leia-se, naturalmente, na CDU.
Heloísa Apolónio ataca direita
A assistência assobiava a cada menção feita ao PS, PSD e CDS. Por isso, os adversários políticos internos não foram esquecidos. Ao lado da troika internacional, há “esta troika portuguesa que a CDU considera inaceitável”.
A líder dos Verdes foi quem mais carregou nas cores dos ataques. Perante uma plateia de alguns – poucos – milhares de militantes, Heloísa Apolónio fez juz ao seu pendor de ecologista e abusou das metáforas contra os partidos à direita. Depois de explicar o significado de Fukushima – a central nuclear japonesa que colapsou na sequência do enorme terramoto que abalou o País – a candidata da CDU por Lisboa não teve com meias palavras: “O voto no PS, PSD e CDS é o voto Fukushima, porque a qualquer momento pode explodir sobre o povo português”.
Sem dúvidas sobre a vantagem de apostar “no voto útil na CDU”, a deputada considerou ainda que o trio de partidos mais à direita “tem delapidado o país” e importa aproveita o acto eleitoral para “irradicar esta poluição política que infesta Portugal”.
Jerónimo de Sousa contra a(s) troika(s)
Mais próximo da realidade e longe das metáforas ecológicas, Jerónimo de Sousa recentrou a sua intervenção naquelas que já serão as principais linhas de força da campanha eleitoral: o acordo internacional constitui “um pacto de submissão e agressão” a que os partidos de direita (leia-se PS, PSD e CDS) deram aval, tornando-se, desta forma, uma autêntica “troika da submissão dos interesses nacionais”.
O discurso é simples e direto. Os militantes acolhem com aplausos cada vez que se fala na necessidade de defesa dos direitos dos portugueses e dos trabalhadores. Respondem com vaias e assobios a cada menção ao PS, PSD e CDS. A chanceler alemã, Angela Merkel também entrou no rol de vaias dos militantes comunistas depois de ter apelado a uma redução do tempo de férias dos trabalhadores portugueses.
A CDU parte confiante para esta campanha eleitoral, apesar dos cortes evidentes de meios e de fundos atribuídos para esta campanha. No terreno, os militantes não desarmam. Apesar de mais velhos e cansados, lá estão a prometer manter o lugar “na primeira fila do combate”, conforme encerrou o seu discurso o líder Jerónimo de Sousa.
JA/Rede Expresso