Comunicando desportivamente: Que desporto necessitamos

Que desporto necessitamos: Os desejáveis três Ques

Que Informação

Hoje por hoje, verdade que integrados numa sociedade muito mais caracterizada como do ter e do poder, em detrimento do ser, o desporto e o futebol em particular, constitui o fenómeno de maior magia e impacto social.


Bastará termos presente o que representou a recente disputa no Porto, Estádio do Dragão, da final entre o Chelsea e o Manchester City, com todos os cenários observáveis à vista desarmada, em que o caudal de emoções se confundia, vezes quantas, com o caudal do álcool destilado.


Salvo honrosas exceções a informação dominante, o que mais distingue são os feitos dos jogadores mais cotados, as suas extravagâncias, os seus contratos tão obscenos e extra-terrestres e vencimentos fabulosos, assim como as recorrentes cenas sensuais das suas companheiras, sem esquecer, e com especial destaque, um ser humano, como os demais intervenientes, suscetível de errar, que é o árbitro.


Ao serviço de uma boa e credível informação, quanto melhor não seria que se pudesse constituir a influenciar, de forma positiva e com prática pedagógica, a geração que hoje desponta que esperará de nós, adultos, que não nos movimentemos num qualquer projeto desprovido de princípios e valores.


Só que, ao invés, a informação que vamos observando, na busca dos €…, procura sobremaneira e quase exclusivamente a reprodução e, pior do que isso, a multiplicação das taras da sociedade de mercado, sendo cúmplice do sistema vigente de valores económicos, desprezando, vezes quantas, os valores sociais e educativos.

Que Escola

Outro dos pilares fundamentais para se poder observar um novo e (mais) enriquecedor paradigma sobre (e que) prática desportiva, está diretamente relacionado com a Escola.


Socorremo-nos, neste breve ‘ensaio’, de uma referência, grande referência, de mestre – porque sábio! – Manuel Sérgio: “A Escola preocupada em desenvolver as qualidades físicas dos seus alunos (o que não está mal) que esquece que, praticar desporto, as qualidades físicas não bastam, pois que as qualidades morais são também indispensáveis. Temos de reconhecer que, embora haja exceções, os professores são tentados, pelo sistema que os governa, a serem conservadores e conformistas, no que respeita a conteúdos. E muitos deles aderem, julgando que cumprem escrupulosamente os seus deveres profissionais.

Ora, por detrás da atividade docente de alguns professores de Educação Física e Desporto, há um corpo de reconhecimento científico caquético, obsoleto, doentiamente envelhecido, contra o qual vêm lutando alguns profissionais desta área, mas que não conseguem ultrapassar a ignorância de muitos políticos, nem a teimosia dos ‘especialistas'(?) que fazem e propõem currículos escolares. E por que digo que “há um corpo de reconhecimento científico caquético, obsoleto, doentiamente envelhecido”? Porque o paradigma por que se regem está declaradamente errado, ou seja, manifestam não saber que a área da educação física e desporto só com ciência social e humana pode entender-se, investigar-se, compreender-se”, dá-nos a conhecer, opinando convictamente, o mestre.


Pelo que fica expresso será de importância decisiva a relação a estabelecer entre o programa e a prática pedagógica, entre a realidade do 1.º Ciclo do Ensino Básico e os outros graus de ensino.


Sabendo-se como as crianças gostam de praticar Expressão Físico-Motora, na escola e fora dela, como bem-vindos serão os jogos lúdicos desportivos nas aulas, no recreio e nos tempos livres. Noutro ângulo de análise as crianças revelam uma crescente motivação para a prática da atividade física, bem como uma maior consciencialização sobre o benefício que esta representa para a saúde. Para além do que resulta na construção de novos conhecimentos e de uma sã convivência com as outras crianças. Por fim, importará, muito e sempre, passar, de forma absolutamente assertiva, a mensagem de que mais do que ter sucesso será ter valores!


Só que, em sentido contrário, que lamentável observarmos, não poucas vezes, no espaço físico designado para o feito, a instalação de duas balizas com as dimensões do andebol, para recorrentemente se jogar futebol, do estilo: metade para cada lado e o agente de ensino no meio do campo, de apito na boca. Chamar-se-á a isto cumprir o programa e sem ninguém a mediar…?


Como longe estamos para que a Escola, na área da Educação Física e Desporto, relativamente aos seus clientes – os alunos! -, possa, em idade ótima de aprendizagem, fazer emergir os seus talentos, cumprindo o programa e a subjacente prática pedagógica, para se conseguir chegar do talento à excelência!

Que Autarquias


Com o futuro à vista mais desanuviado, em função dos tremendos malefícios originados, neste último ano e meio, pela covid-19, condicionando em alto grau o nosso (normal) viver, e a poucos meses da realidade que irá constituir as próximas eleições autárquicas, um último pilar surge no nosso caminho para uma (mais) desejável e sustentável atenção, enquanto opção para as melhores condições de prática pedagógica, visando um mais e melhor apoio ao associativismo.

Um fator decisivo significará assentarmos que de há muito, como sabemos, com suficiente honestidade intelectual, não só o futebol, mas também outras modalidades, deixou de ser apenas um jogo para se transformar, cada vez mais, num negócio. E como todos os negócios, face à constante modernização e sofisticação da indústria – é disso que se trata! -, em que está inserido, advir daí a premente necessidade de uma profissionalização e formação contínua que de forma eficiente – fazendo bem – e eficaz – fazendo certo-, seja capaz de adequar as tecnologias e os conhecimentos, sendo expectável que seja gerido por quem saber estar ‘no terreno’, porque o tempo dos mecenas e do amor à camisola foi chão que deu… uvas!


Revitalizar os clubes, na área de intervenção de cada uma das Autarquias, enquanto autênticas células vivas, que, se e com objetivos bem dimensionados, com um firme ideal e suficiente força moral, constituirá um saudável desafio, na procura de uma maior e melhor comunicação com as populações na promoção de uma outra qualidade de vida e bem-estar, sobretudo visando, enquanto complemento, a aposta na formação dos jovens.


No acesso à prática desportiva, com um cunho essencialmente pedagógico, o papel das Autarquias é de importância vital, considerado à escala do poder local, não importando quase nada, até pelas limitações que a própria lei determina, estar agarrado à dimensão quase exclusivamente competitiva; indo, vezes quantas, na ‘canção do bandido’…, quando lhes é acenada a existência de um rei que, afinal, qual desgraça das desgraças…, redunda no rei ir…nú(!), indo pelo cano abaixo um investimento a fundo perdido, sem a mínima hipótese de retorno. É que não programar (bem) ou programar (mal), corresponderá inevitavelmente a programar o…fracasso!

Nesta trilogia: Informação, Escola, Autarquias, mais do que ter sucesso é preciso ter valor, porque o êxito não se compra, apenas se merece!


E, uma vez mais, não é pensando que somos, é sendo do pensamos!

Humberto Gomes

*”Embaixador para a Ética no Desporto”

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