Corrida presidencial é “um embaraço” para os Estados Unidos

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O secretário de Estado norte-americano, John Kerry

O caos instalado na corrida presidencial norte-americana “é um embaraço para o nosso país” no que toca aos comentários anti-muçulmanos de alguns candidatos, que estão a alimentar crescentes preocupações de líderes mundiais. Estas declarações foram proferidas por John Kerry, secretário de Estado dos EUA, em entrevista ao programa Face the Nation do canal CBS. Embora não tenha especificado a que candidatos se referia, ficou claro pelo conteúdo da conversa que as críticas do número 2 de Barack Obama foram dirigidas a Donald Trump e Ted Cruz, dois dos três aspirantes à nomeação republicana, cujas reações aos atentados da passada terça-feira em Bruxelas passaram por defender a monitorização em massa de cidadãos muçulmanos e patrulhas a bairros árabes.

“Isto altera o sentido de equilíbrio das pessoas no que toca à nossa firmeza, à nossa confiabilidade”, disse Kerry, antes de confrontar diretamente o jornalista e moderador do programa, John Dickerson: “E até certo ponto, devo dizer, algumas das suas questões, a forma como me são colocadas, torna claro para mim que o que está a acontecer é um embaraço para o nosso país.”

Em reação aos atentados que, na semana passada, provocaram 28 mortos e 340 feridos em Bruxelas, o senador pelo Texas, Ted Cruz, propôs enviar a polícia para “monitorizar, patrulhar e manter seguros” os bairros de maioria muçulmana nos EUA, a conselho de “especialistas incríveis” em questões de direitos civis, declarou. A proposta foi duramente criticada e destruída por uma série de oficiais, incluindo o comissário da Polícia de Nova Iorque, Bill Bratton, que no sábado declarou: “Fica claro pelos seus comentários que o senador Cruz não sabe absolutamente nada sobre contraterrorismo na cidade de Nova Iorque.”

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Sem surpresas, Donald Trump não só insultou a cidade de Bruxelas e os seus habitantes na sua reação oficial ao duplo atentado de terça-feira como voltou a reforçar a sua proposta de proibir muçulmanos de entrarem nos Estados Unidos, defendendo igualmente e pela enésima vez nesta campanha presidencial o recurso a tortura, prometendo ordenar o exército a torturar prisioneiros e a bombardear as famílias de suspeitos terroristas.

Desde o início do ano que são cada vez maiores as preocupações com o facto de Trump liderar a corrida republicana para as presidenciais de novembro. No início de março, fontes da administração Obama tinham dito à Reuters que representantes diplomáticos da Europa, do Médio Oriente, do continente asiático e da América Latina têm aproveitado reuniões com as autoridades norte-americanas para se queixarem de Trump e manifestarem as suas preocupações. Este domingo foi a primeira vez que um tão alto cargo da administração dos EUA assumiu a vergonha de se assistir a este circo político em ano de presidenciais.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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