CRÓNICA DE FARO: António Justo, “uma perda irreparável para Faro”

A queda da morte de El-Rei D. João II, “O Príncipe Perfeito”, ocorrida em Alvor, o cronista escreveu: “Morreu o Homem!!, face à magnitude da obra realizada por aquele ínclito monarca. Foi esse mesmo sentimento, a par de uma profunda mágoa e nunca suprida saudade, que o senti pelo falecimento do nosso querido e saudoso presidente da ARPI e amigo de sempre. António Justo Lima Mendes. Quando naquela tarde de 8 de Setembro o dedicado diretor e seu desvelado companheiro de equipa nos destinos da Associação, sr. Francisco Dias, nos comunicou tão infausta como dolorosa notícia da infausta ocorrência, perpassou no nosso espírito, a grandeza enorme de dedicação, empenho, saber e querer que revelara nas múltiplas funções com que se houve e fez da Associação dos Reformados, Pensionistas e Idosos do concelho de Faro, uma das maiores, com mais de três mil sócios, entre as suas congéneres em todo o Portugal.

O presidente António Justo, que viveu instante a instante esta causa, dedicando-lhe todo o seu tempo, pensar e acção edificante, deixando um legado insuperável, constituindo para todos um exemplo e um apontar do caminho a seguir, nascera em Faro, onde sempre residiu, a 12 de Junho de 1936 e faleceu com 80 anos, inesperadamente, posto que dias antes fosse sujeito a uma intervenção cirúrgica. Volvido tal ato clínico e logo que a recuperação começou a acontecer voltou com o mesmo afã ao desempenho efetivo de funções e a alimentar sonhos maiores que a instituição, fosse como ele costumava afirmar “uma segunda Misericórdia” na dimensão da ora em curso e nos projetos admiráveis, entre os quais a construção do Lar de Idosos, que há-de ser prosseguida.

Melhor que qualquer afirmação por nós escrita o conteúdo do comunicado, emitido horas após o seu falecimento pelo presidente da Câmara Municipal de Faro, Dr. Rogério Bacalhau, de que retiramos: “A notícia, tão dolorosa quanto surpreendente, é conhecida num momento em que a Associação vivia instantes de grande fulgor com a perspectiva de construção do Lar Residencial com capacidade para 60 idosos, que deverá ver a luz do dia nos próximos dois anos” e em que resume o que foi a sua benquista ação quando o Município considerou a morte de António Justo como de alguém que “deu tudo de si à causa dos idosos do concelho”.

Dirigente da ARPI, a que esteve ligado dezenas de anos, era, há mais de uma década e em sucessivas eleições, presidente da direcção, havendo ainda exercido, sempre com o mesmo zelo, empenho e dedicação funções de vice-presidente e membro da Assembleia Geral, tesoureiro, etc. estando profundamente empenhado em concretizar, em 1º andar sobre o edifício – sede na Praceta São Tomé e Príncipe, a construção do bem necessário Lar residencial, para o qual propomos, para além de outras merecidas e significativas homenagens, se dê o seu honrado nome!

Funcionário aposentado dos Correios, esteve ligado, desde bem jovem, à causa desportiva, e era grande apaixonado, quer como árbitro de futebol nas décadas de 60 e 70 do século passado, havendo feito parte da equipa de César Correia, o mais internacional árbitro algarvio de sempre, quer como entusiasta do Sporting Farense e sócio, atualmente o nº 1 e dirigente do Futebol Clube de São Luís.

O corpo do presidente António Justo Lima Mendes esteve em câmara ardente na capela mortuária da Igreja de São Luís, com a urna coberta pelas bandeiras da ARPI, do São Luís e do Farense e emoldurado por dezenas de coroas florais que testemunham o sentido apreço e saudade de todos nós. António Justo, um testemunho de vida!

 

 

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