CRÓNICA DE FARO: “Quim Jé”, um homem solidário

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Opinião de João Leal

Não obstante ter-se fixado em Portimão o arquitecto José Afonso Duarte, em especial para as gentes de futebol e para a numerosa comunidade cabo-verdiana radicada no Algarve, foi uma figura que importou a toda a região sulina. Daqui que lhe dediquemos esta “Crónica de Faro”, nesse momento testemunho do maior apreço e da mais gratificante admiração por quem na vida ocorrida ao longo de oito décadas foi um singular concretizador da solidariedade, da correcção e do saber estar, com a costumada verticalidade nos caminhos de mais evidente dignidade.

Foi em 1975, em que optou pela nacionalidade cabo-verdiana, o primeiro consul da república de Cabo Verde no Algarve, após a independência deste país africano em que nasceu em 1936, na cidade portuária de São Vicente.

Aconteceu no início da década de sessenta do século XX que o arquiteto José Afonso Duarte veio para Portimão, alinhado como guarda-redes do Portimonense e que excelsas condições o tinha, não obstante a ausência da exigida e peculiar altura e sempre conhecido o era nos alvinegros barlaventinos pelo “Quim Jé” que o acompanharia vida fora.

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Isso não obstante ter alcançado, academicamente a licenciatura em arquitectura, sector a que, depois do futebol sempre se houve, bem como o de Decano do Corpo Consular reconhecido no Algarve. Desempenhou as funções consulares, com uma total dedicação, entusiasmo e permanência entre 1975 e 2013. Para além dos aspectos burocráticos, formais e outros inerentes à representação consular, exerceu uma intensa actividade social em prol da defesa dos seus patrícios, mormente os que viviam em situações difíceis, como aconteceu no caso dos bairros clandestinos dos pescadores (Vilamoura) e do castelo (Portimão).

Doente há algum tempo o “Quim Jé”, que lá no infinito onde se encontra, recebeu em vida, algumas merecidas homenagens, de que destacamos a atribuição em 1997 por proposta do saudoso então presidente do município portimonense, Nuno Mergulhão, do título de “Cidadão Benemérito de Portimão” considerando “as suas qualidades humanas, morais e cívicas e a forma como se integrou na vida activa da cidade…” e a homenagem que, em Julho de 2014, já profundamente doente lhe foi prestada pela embaixada de Cabo Verde, no vasto pavilhão do Portimão Arena.

Dois dos grandes momentos do Arq. José Afonso Duarte, que brilhou na baliza do seu portimonense e foi durante mais de meio século tão algarvio, sem o deixar de ser cabo-verdiano conhecido, como qualquer um de nós.

João Leal

 

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