É um problema que persiste e está a indignar os algarvios. O serviço de distribuição de correios dos CTT na região algarvia continua com problemas e atrasos devido à falta de trabalhadores e à dificuldade de contratação de novos carteiros, segundo disse a empresa ao JA.
Ao JA, uma fonte revela que “existem problemas grandes em Tavira” pois a distribuição acaba por acontecer “de dois em dois dias ou de três em três”.
“Tavira está uma desgraça total. A chefia está de férias e existem trabalhadores de baixa”, acrescenta a fonte.
Os CTT têm vindo a recorrer a ofertas de trabalho temporário, com contratos de uma semana ou de um mês, o que tem feito com que hajas atrasos na distribuição de correio, uma vez que “um carteiro tem de aprender o nome das pessoas, o número das portas e o nome das ruas” e isso é impossível durante esse período.
Por outro lado, a dificuldade de contratar novos carteiros deve-se também à falta de candidatos, uma vez que “as pessoas não querem receber o ordenado mínimo e depois trabalhar de manhã à noite, a fazer horas a mais que não são pagas, no meio do campo e da serra em sítios que não conhecem”.
O que acontece, muitas das vezes, segundo a mesma fonte, é que esses novos carteiros “no segundo ou terceiro dia de trabalho, vão embora”.
Ao JA chegaram também denúncias de atrasos na receção da edição impressa da publicação algarvia, por parte de assinantes e leitores. Por exemplo, em Tavira, na quinta-feira, 21 de julho, dia em que o JA chegou às bancas, ainda existiam exemplares por entregar.
“Os CTT não têm noção do quanto prejudicam as pessoas e as empresas, ao fazer a contratação de pessoas por meia dúzia de dias. Eles sabem perfeitamente que um contrato de um mês não é o suficiente para um carteiro aprender o giro”, salienta a fonte.
Sindicato fala em problema de política de contratação
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) disse ao JA que “o grande problema na entrega de correio está relacionado com uma política de contratação, aliada também ao baixo salário e à dificuldade de executar as tarefas de correios, que não são fáceis”.
Fernando Lima, dirigente deste sindicato, refere que esta política de contratação “leva a que não hajam pessoas para trabalhar”, acrescentando que os CTT consideram os seus trabalhadores como “descartáveis”.
“Esta questão acontece noutros locais, até a nível nacional. O correio passa na casa das pessoas de semana a semana, em vez de passar todos os dias”, conta.
CTT admitem constrangimentos pontuais
Ao JA, fonte oficial dos CTT admite que existem “constrangimentos pontuais, de momento, nas zonas de Tavira e Algoz” devido a “ausências não previstas e de um significativo aumento de casos de covid-19, agravados pelas grandes dificuldades que estão a ser sentidas, como é público, no recrutamento de pessoas”.
Os CTT referem ainda que durante esta época do ano “muitos trabalhadores também estão ausentes devido ao período de férias”.
“De forma a regularizar a situação, os CTT implementaram, de imediato, planos de contingência, estando a reforçar a sua operação de distribuição através do trabalho temporário. Prevê-se que a situação esteja regularizada em breve, também devido ao regresso de alguns efetivos das férias”, explica a empresa ao JA.
Os CTT referem ainda que, apesar das “fortes dificuldades na contratação de carteiros para a substituição dos períodos de férias”, tem em curso um “processo nacional de recrutamento a decorrer” e está “em contacto com as autoridades locais para procurar soluções”.
Para acelerar e dar a conhecer o processo de recrutamento de carteiros, os CTT têm lançado campanhas nas redes sociais, distribuíram mais de 100 mil folhetos no Algarve, Porto e Lisboa, articularam a contratação com autarquias e associações de estudantes, divulgaram comunicados de Imprensa junto dos meios regionais e nacionais e incluíram campanhas alusivas à contratação nas suas viaturas.
“Face a este difícil enquadramento no que diz respeito à contratação, sentido inclusive por vários setores de atividade do nosso país, é natural que existam constrangimentos pontuais afetos à distribuição. Mais se adianta que os CTT têm canalizado, apesar de todas as dificuldades, todos os recursos disponíveis para dar continuidade à prestação ininterrupta do serviço postal, designadamente assegurando a entrega dos objetos considerados mais prioritários e relevantes para os cidadãos, como é o caso dos vales e das cobranças postais, incluindo os serviços essenciais, como é o caso do correio registado em procedimentos judiciais e administrativos, correio da Autoridade Tributária e de outras entidades públicas, estando inclusive, nalgumas zona do país a trabalhar aos sábados”, esclarece a empresa ao JA.
Gonçalo Dourado