E para algo completamente diferente

Então vieram as eleições e descansámos. E agora para algo completamente diferente, e para que todos vejamos no que a política é, a sonsice do ex–ministro Medina que afirmou, sem problemas de ser acusado de andar a espalhar sal na terra, que “existe folga para atender as reivindicações de polícias e professores”, ou se não foi isso andou lá muito perto. E mais não digo que vou ali perceber em que transporte público andam, por estes dias os nossos políticos (Chega à cabeça), em que mercado vão comprar salsa, ou em que pistas é que vão fazer exercício nas suas bicicletas. Como os morangos se dão na Primavera e as laranjas no Inverno também o comentador de televisão tem o seu tempo de evolução e desenvolvimento por estas alturas e, em geral, durante todo o espaço que medeia entre a publicação dos resultados eleitorais e a formação de um novo governo. Agora vem o tempo em que todas as possibilidades estão em aberto, porque estamos mais ou menos naquela altura em que andávamos na escola e fazíamos os trabalhos de grupo, a fazer de conta que eramos deputados. Qualquer coisa nos era permitida, oferecíamos dinheiro a este e aquele, mais ou menos o que temos visto os políticos (de verdade, ou supostamente de verdade) fazer. E é nisto que a política hoje se resume: oferecer dinheiro, mesmo que alguém lhes tenha dito que esse é sempre um mau princípio; se ofereceu a uns vai ter que oferecer a todos, mesmo aos que não precisam deles, que serão quem, em geral, leva mais. Quem, parece, se adiantou a estas migalhas foi o comentador das horas vagas Manuel Serrão. Em princípio deve dar-se o caso de toda aquela montanha de acusações parir um pequeno rato (mais a questão da presunção de inocência), mas mesmo assim gostava de dizer que se há figura mais ou menos pública a quem cá o velhote nunca compraria um carro em segunda mão, esse alguém seria Manuel Serrão, talvez o mais boçal entre os boçais, na gente que une o pior dos dois mundos, quero dizer, futebol e política. E o que me espantava nas palavras desse prodígio da cultura (que vejo há demasiados anos na órbita dos nossos programas de televisão) era a sua sobranceria perante alguém que fazia uma greve ou reivindicava trinta euros de aumento no seu salário mensal: uns malandros! E quem se encostava aos subsídios e ao Estado como modo de sobrevivência? Uns lorpas, para não dizer pior. Par demostrar que ainda há honestidade no mundo, ali estava uma rocha da decência, um escolho que obliterava qualquer sintoma da mais recôndita intrujice, ela própria capaz de sabotar o trabalho do ser humano mais decente, ele. Um autêntico farol de aviso à navegação, um empresário de palavra e um grande portuense. E mais não digo, que vou ali comer uns carapaus alimados e já volto.

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