Empreendimento Corte Velho, em Castro Marim, vai avançar sem golfe

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Os resorts da Six Senses caracterizam-se pelo luxo e pela integração na paisagem onde se localizam, como é o caso do Six Senses Soneva Fushi, nas Maldivas

Projeto previa o abate de azinheiras e teve de ser alterado. Sai o golfe, mantêm-se as moradias turísticas e os três hotéis de cinco estrelas. Tudo com o selo da multinacional Six Senses Resorts & Spas

Domingos Viegas

O empreendimento turístico Corte Velho, projetado para as margens do Guadiana, na freguesia do Azinhal, concelho de Castro Marim, vai mesmo avançar, mas sem campo de golfe, como estava previsto inicialmente.

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A Assembleia Municipal de Castro Marim já aprovou a proposta de alteração do plano de urbanização apresentada pela autarquia e levada a cabo para salvaguardar os povoamentos de azinheiras. Recorde-se que a questão das azinheiras tem provocado constantes chumbos ao nível do Estudo de Impacte Ambiental e impedido a aprovação do projeto pelas entidades governamentais. Agora, o golfe foi substituído por um conceito de turismo virado para a natureza e para as tradições, dirigido a estadias de longa duração.

Burocracia mais lenta do que crescimento de azinheiras

O presidente da Câmara Municipal de Castro Marim considera que os impedimentos levantados à construção do empreendimento por causa da questão das azinheiras foram uma consequência dos atrasos da burocracia.

“Na altura em que foram efetuados os primeiros levantamentos, havia azinheiras que não tinham envergadura suficiente para serem contabilizadas. Mas, entretanto, passaram 20 anos, estas cresceram e, hoje, já são contabilizadas”, recorda o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim.

“Quando quiseram iniciar a execução do projeto do golfe, os promotores chocaram com a dificuldade de ter que se fazer um levantamento rigoroso das árvores e chegou-se à conclusão de que havia uma série de povoamentos de azinheira que impedia o avanço do empreendimento”, explica José Estevens, recordando que nos últimos anos nenhum Governo tem concedido declarações de utilidade pública para justificar abates de azinheiras ou de sobreiros. “Está previsto na Lei, mas, pelos vistos, nos últimos anos deve ser considerado um crime de lesa pátria”, ironiza o autarca.

Alterações agradam à Six Senses

Esta alteração acabou também por confirmar o envolvimento definitivo da multinacional Six Senses Resorts & Spas no projeto, ao lado da Corte Velho – Empreendimentos Turísticos. Apesar de ter anunciado há quatro anos a sua participação no projeto, a Six Senses nunca viu com bons olhos que o empreendimento estivesse virado para o golfe, já que os seus produtos turísticos têm como alvo outros mercados.
“Há males que vêm por bem. A Six Senses disse que gostava muito do local, mas manteve sempre algumas reservas por causa da questão do golfe. Agora acabou por se envolver definitivamente, graças a esta alteração”, revelou o autarca.

José Estevens diz que esta aprovação das alterações ao plano de urbanização representa “um grande passo” e acredita que é desta que o projeto vai mesmo avançar.
“Tenho essa expectativa. Os promotores têm tido várias reuniões connosco e têm-nos transmitido a ideia de que pretendem avançar com a execução do plano. O quadro de desenvolvimento da urbanização já está fixado. Agora, os promotores terão que desenvolver os projetos de loteamento, seguidos dos projetos das moradias, dos hotéis…”, explica.

Três hotéis de luxo

O abandono da vertente do golfe implicou a redefinição das áreas urbanas que já tinham sido demarcadas, mas mantiveram-se os valores máximos das áreas totais de construção e do número de camas.

O empreendimento vai estender-se ao longo de 130 hectares, dos quais apenas 32 serão urbanizáveis. A área bruta de construção será de pouco mais de 100 mil metros quadrados (10 hectares) e incluirá moradias e edifícios multi-familiares, bem como três hotéis de cinco estrelas (com equipamentos desportivos e de lazer, comércio e serviços). No total está prevista a criação de 1.869 camas, repartidas por 573 unidades de alojamento, das quais cerca de 70 por cento destinadas a uso turístico.

“O produto deixou de ser o golfe e passou a ser um tipo de turismo dirigido a pessoas que tenham tempo e dinheiro, que queiram fugir ao frio do norte da Europa e que tenham vontade de ocupar o tempo a tratar da vinha ou da horta, bem como a aprender línguas, a cozinhar, a pintar…”, revela José Estevens.

Localizações escolhidas a dedo

A Six Senses possui 14 empreendimentos emblemáticos espalhados por cinco países (seis na Tailândia, três nas Maldivas e no Vietnam, um em Oman e na Jordânia), todos caracterizados pelo luxo (“seis estrelas”) e por rigorosos critérios ambientais e ecológicos. Qualquer destes resorts de luxo já obteve diversos prémios turísticos, quer ao nível do próprio empreendimento, quer ao nível dos spas ou dos restaurantes.

Outra das características destes empreendimentos é a localização, sempre em locais paradisíacos e integrados ao máximo na natureza. O último foi inaugurado no passado mês de setembro, no atol de Laamu, nas Maldivas.

O grupo foi criado em 1995, tem sede em Bangkok, na Tailândia, e é responsável pelas marcas Soneva, Six Senses Hideaways, Six Senses Latitudes e Evason (resorts), bem como Six Senses Spas e Six Senses Spas Destination.

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