Numa área de mais de 232 hectares desde o interior do sotavento algarvio até à margem do rio Guadiana vai ser construído um empreendimento turístico com um hotel de cinco estrelas, moradias unifamiliares, aldeamento, aparthotel, campo de golfe com 27 buracos, clube de golfe, campos de ténis, centro hípico e ainda um ancoradouro.
O processo, que já tem alvará, foi suspenso pelos promotores estrangeiros e volta agora a dar os primeiros passos passados 20 anos.
“Atualmente o promotor veio alterar a planificação da obra e vem requerer o levantamento da suspensão”, disse ao JA a vice-presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Filomena Sintra.
No entanto, qualquer alteração que seja feita “será à luz de hoje”, como é o caso da entrega dos projetos.
Há 20 anos estes promotores entregavam os projetos à Câmara em suporte de papel, mas agora a autarquia “exige os suportes digitais para qualquer alteração”, o que fez com que seja necessária a limpeza de todo o terreno “para fazer um novo levantamento topográfico, para que consigam transpor tudo o que está aprovado e em papel novamente para o digital”.
Segundo a vice-presidente será feito um novo cronograma da planificação de trabalhos e, atualmente, os promotores “estão a ponderar outras soluções como menos densidade”, mantendo-se apenas as infraestruturas básicas como a rede de esgotos, água e arruamentos.
Algumas das novas soluções estão “ligadas ao ambiente, mais autossustentáveis”, como é o caso de uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR) com um tratamento primário, contrariando o que estava previsto inicialmente: a construção de uma mega ETAR, que agora poderá não ver a luz do dia porque “hoje já existem soluções mais fáceis e ambientalmente mais interessantes, com soluções de exploração mais eficazes”.
No entanto, essas soluções só podem avançar se existirem projetos de alteração, uma vez que os promotores apenas podem construir o que está licenciado.
“Nos dias de hoje, até pela própria sustentabilidade da operação, há outros problemas de recursos hídricos, há outras preocupações e agora os promotores têm de ponderar se vão investir conforme estava e a Câmara está ao lado dessas propostas de alteração, mas que me parece que se ajustam mais aos nossos dias”, afirma Filomena Sintra ao JA.
A vice-presidente do município considera que “há coisas que se ganham por não se terem feito logo. Há um conjunto de coisas que hoje vão ser alteradas e que todos nós iremos ganhar com isso”.
Este projeto turístico que será construído numa propriedade privada tem a previsão de criar cerca de 750 postos de trabalho e 2800 camas.
No entanto, segundo a responsável, o “número de postos de trabalho pode descer, devido à diminuição da densidade”.
Mas este não é o único projeto do mesmo género que existe no concelho de Castro Marim. Na Praia Verde está a ser construído o empreendimento Verdelago, que depois de muitas alterações e estudos ambientais está a apresentar resultados positivos.
Este empreendimento junto à praia apresentou alterações que reduzem “abruptamente” a necessidade de água, como a captação de água e a construção de uma pequena dessalinizadora, além de outras soluções urbanísticas que têm um menor impacto visual e equipamentos autossustentáveis como uma central fotovoltaica para alimentar todo o empreendimento.
Existe ainda o empreendimento da Corte Velho, que neste momento tem em preparação o contrato de urbanização e será analisado o pedido de informação prévia, que deverá decorrer até maio ou junho.