Especialista revela “segredos” da aguardente de medronho

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A aguardente de medronho, os seus derivados, os indicadores de qualidade, entre outros temas, vão estar em destaque no próximo sábado em Loulé, numa conferência que pretende dar a conhecer ainda mais um dos produtos típicos da região algarvia
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A aguardente de medronho, muitas vezes designada apenas por “medronho”, é um destilado que continua a ser produzido, essencialmente, de forma artesanal. Tudo indica que a sua produção tenha começado na zona de Monchique, no século X, pela mão dos árabes.

A qualidade deste destilado passou por fases polémicas, principalmente pela escassez de mão-de-obra. Depois de um período de investigação laboratorial e de trabalho com produtores locais, envolvendo várias Instituições da região, a qualidade da aguardente de medronho foi paulatinamente melhorando.

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O controlo de qualidade das aguardentes é feito, essencialmente, recorrendo a técnicas cromatografias e espetrofotométricas. Trata-se de técnicas que permitem diferenciar não só a qualidade, como criar o perfil de cada tipo de aguardente. O Algarve produz também aguardente de figo, alfarroba, mel, vínica, bagaceira e, desde 2009, aguardente de batata-doce de Aljezur. Podem ainda encontrar-se pequenas produções de aguardente de alperce ou de ameixa.

Atualmente a grande maioria das aguardentes de medronho produzidas no Algarve apresentam os seus parâmetros de qualidade em conformidade com a legislação em vigor (regulamento CE nº nº110/2008 de 15 de janeiro e Decreto-Lei nº 238/2000 de 26 de setembro). Já existe um vasto conjunto destas bebidas que mereciam uma diferenciação superior ao estabelecido pela atual legislação, que é ainda bastante permissiva, nomeadamente em relação à acidez total, cujo máximo permitido é de 200 g/hl de álcool puro (AP), expresso em ácido acético, quando deveria ser de 30, ou em relação ao teor em acetato de etilo, que permite teores de 300 g/hl (AP), quando não deveria ultrapassar 150.

A aposta no envelhecimento ainda é fraca, mas com grande potencial de desenvolvimento. Em Monchique alguns produtores continuam a manter um estágio de três meses em pipas construídas, essencialmente, de madeira de castanho. Noutras localidades, muito timidamente, surge um ou outro produtor a experimentar o uso de pipas de carvalho. A grande aposta dos últimos anos na região tem sido na produção de aguardentes preparadas com mel e principalmente nos licores.

Conferência realiza-se este sábado

Estes e outros temas vão estar em destaque no próximo sábado, dia 23 de fevereiro, a partir das 15h00, no Arquivo Municipal de Loulé, durante a conferência “Aguardente de Medronho, Seus Derivados e Indicadores de Qualidade”, apresentada por Ludovina Galego, docente do Instituto Superior de Engenharia, da Universidade do Algarve.

Ludovina Galego é licenciada em Ensino da Física, pela Faculdade de Ciências da Universidade Clássica de Lisboa (1987) e mestre em Tecnologia Alimentar/Qualidade na Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa (1996). Equiparada a professora adjunta no Instituto Superior de Engenharia (ISE), antiga Escola Superior de Engenharia (EST), da Universidade do Algarve onde é docente desde 1990.

É responsável pela criação e desenvolvimento do Laboratório de Enologia onde presta serviços de controlo de qualidade de bebidas alcoólicas e também desenvolve estudos de melhoria e criação de novas bebidas.

Desde janeiro de 2011 faz parte da equipa do projeto REDES (Prover), com o objetivo de divulgar conhecimentos sobre aguardente de medronho. Fez parte das equipas dos Projetos de Valorização da Aguardente de Medronho, entre 1996 e 2000, e foi responsável, entre 2004 e 2008, pelos projetos AGRO 800 (estudo de plantas aromáticas) e RITA (Reinventar a Industria Tradicional Alimentar do Algarve).

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