Estrada nacional volta a “meter medo” aos algarvios

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Os algarvios rumaram este sábado até à Via do Infante e disseram não às portagens, numa manifestação que juntou milhares numa “grande marcha de protesto”. População e autarcas não têm dúvidas de que as portagens vão provocar graves repercussões económicas e sociais na região algarvia. E a EN125 voltará a ser a “estrada da morte”. O medo começa a instalar-se entre os que não têm alternativa à Via do Infante.

 

“Algarve livre sem portagens” e “O povo diz não às scut´s” eram algumas das frases que se podiam ler nos cartazes colados nos milhares de automóveis e motos que participaram, no passado sábado, numa marcha lenta na Via do Infante (A22).

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Em declarações ao JA, João Vasconcelos, da Comissão de Utentes da Via do Infante e um dos organizadores do protesto, previu “o encerramento de muitas empresas e um agravamento brutal do desemprego” já a partir do dia 15 de abril, data em que serão cobradas portagens na autoestrada que liga Vila Real de Santo António a Lagos.

Mas, uma das consequências que mais preocupa João Vasconcelos é o facto de a introdução de portagens provocar o “desvio” do tráfego novamente para a estrada nacional 125.

“Existem milhares de algarvios, entre os quais centenas de professores e estudantes, que se deslocam todos os dias entre Portimão e Faro, e que vão ter de pagar entre 300 e 400 euros por mês”, revelou o responsável da comissão de utentes, frisando que se trata de “uma situação completamente incomportável”.

Neste cenário – com o preço das portagens a ser estimado em nove cêntimos por quilómetro -, João Vasconcelos prevê que os algarvios “vão ter de se levantar mais cedo para circularem pela estrada nacional 125, que vai transformar-se outra vez na estrada da morte”.

“A EN125 não é uma alternativa, sendo um dos eixos rodoviários mais perigosos da Europa. Segundo os dados atuais, continuam a morrer, em média, 30 pessoas por ano, o que significa que é a segunda estrada mais mortífera de Portugal”, salientou.

Uma rua cheia de perigos

Além disso, os manifestantes realçaram que a requalificação da estrada nacional que atravessa o litoral algarvio “está longe de estar concluída”.

“A 125 é muito mais uma rua do que propriamente uma estrada”, diziam uns. “É uma estrada cheia de perigos, que atravessa muitas povoações, cruzamentos, semáforos e passadeiras de peões”, acrescentavam outros.

Para todos, a introdução de portagens na Via do Infante sem a existência de uma alternativa para atravessar o Algarve “acentuará a sinistralidade e o congestionamento rodoviário”, com implicações negativas na atividade turística e na economia da região.

Segundo o presidente da câmara de Portimão, Manuel da Luz, “as portagens não são um incentivo nem ao turismo, nem à região”.

“Passado o período dos descontos, as pessoas vão deixar de circular pela Via do Infante e utilizar a estrada nacional 125. Isso vai representar mais engarrafamentos e mais acidentes, com a agravante de a EN125 não estar ainda requalificada”, sublinhou o autarca.

Além disso, Manuel da Luz considera que, mesmo depois das obras de requalificação, “a estrada continuará com o mesmo perfil, ou seja, não constitui uma alternativa à Via do Infante”.

Apesar do protesto ter reunido milhares de algarvios, o autarca socialista de Portimão não acredita que o Governo recue na decisão. “Os algarvios ainda estão com uma ligeira expectativa é importante que não se acomodem. Mas, face ao acordo que foi estabelecido entre o Governo e o PSD, na Assembleia da República, é quase certo que a introdução de portagens é irreversível”, referiu ao JA, concluindo que se trata de “uma questão meramente política que vai ter graves repercussões para o Algarve”.

Nuno Couto/Jornal do Algarve
Foto: João Porfírio
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