Extrema-direita francesa prepara vitória nas europeias

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Marine le Pen foi a grande vencedora da noite eleitoral de ontem

“Medo nas cidades”, “cenário negro”. Foi a ouvir e a ler este tipo de expressões que os franceses acordaram esta manhã, depois da surpreendente primeira volta de ontem das eleições autárquicas.

Os socialistas, que foram os principais derrotados do escrutínio, apresentam-se esta manhã com uma evidente ressaca. O grande batido é o Presidente François Hollande porque os eleitores lhe enviaram uma clara mensagem de desconfiança.

Hollande paga as promessas eleitorais não cumpridas e a mutação radical do seu discurso político. Há dois anos, na campanha para as eleições presidenciais, prometia tudo aos trabalhadores e apregoava a mudança e a guerra à austeridade. Chegado ao poder, fez o contrário. Aproximou-se do grande patronato e, de forma quase obsessiva, colocou o rigor económico e financeiro como farol da sua política.

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A direita da UMP (sarkozysta) beneficiou na primeira volta com a impopularidade de Hollande e do seu Governo. Vai ganhar estas eleições; no próximo domingo, mesmo com alguns dos seus dirigentes embrenhados em graves escândalos.

Mas foi sobretudo Marine le Pen a grande vencedora da noite eleitoral de ontem. A sua Frente Nacional (FN) cresceu graças sobretudo aos votos dos desiludidos da esquerda – o maior símbolo deste facto foi a vitória do seu candidato, logo na primeira volta, em Hénin-Beaumont, cidade de 25 mil habitantes do norte da França onde a esquerda comunista e socialista foi até ontem sempre maioritária. A FN alcançou resultados importantes em dezenas de cidades de média dimensão.

Na FN prepara a segunda volta do próximo domingo com as suas hostes em clima de euforia. O partido populista, que, tem pouca implantação ao nível municipal (não possui candidatos “notáveis”), apenas concorreu em 570 localidades num total de 36 mil municípios. Mas provoca “triangulares” (com candidatos PS/UMP/FN), na segunda volta, em mais de 200 cidades onde ultrapassou a barra legal de dez por cento dos votos na primeira volta.

No entanto, é sobretudo nas eleições europeias, dentro de dois meses, que já pensa Marine le Pen. Baseando-se em estudos independentes – e forte devido à dinâmica vitoriosa revelada pelas autárquicas – a líder nacionalista pensa seriamente que as pode vencer.

Sancionados, os socialistas tentam agora mobilizar-se para limitar a anunciada derrota na segunda volta. Logo a seguir, François Hollande deverá efetuar uma remodelação governamental que poderá mesmo incluir uma mudança de primeiro-ministro.

Mas, sem um repentino milagre – por exemplo uma inesperada recuperação económica e uma baixa importante dos números do desemprego – a dinâmica da extrema-direita será dificilmente travada.

Nas europeias, com uma lei eleitoral proporcional e ajudada por temas muito favoráveis – o descrédito da União Europeia, o controlo da imigração e a crise – a FN arrancará para a campanha eleitoral com o terreno mais favorável do que nunca.

Esta manhã, no Palácio Eliseu, decorre uma reunião de crise, em clima sombrio, para analisar os resultados eleitorais da noite de ontem. A França, com a FN em forte ascensão, pode estar à beira de conhecer um verdadeiro terramoto político que terá repercussões em toda a UE.

RE

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