Faleceu Margarida Tengarrinha aos 95 anos

Entre 1979 e 1983 foi eleita deputada pelo Algarve

ouvir notícia

Faleceu esta quinta-feira, dia 26 de outubro, aos 95 anos, a resistente anti-fascista algarvia Margarida Tengarrinha, que estava internada no hospital de Faro, segundo o Sul Informação.

Margarida Tengarrinha foi militante e dirigente do Partido Comunista Português, escritora, professora, deputada da Assembleia da República e membro-fundador do Grupo dos Amigos do Museu de Portimão.

A revolucionária nasceu em Portimão a 7 de maio de 1928 e estudou na Escola de Belas Artes em Lisboa em 1948, quando foi coordenadora dos alunos dessa instituição no Movimento de Unidade Democrática Juvenil de oposição ao Estado Novo.

- Publicidade -

Em fevereiro de 1952 fez campanha e manifestou-se pela saída de Portugal da NATO, em Lisboa, durante a cimeira que decorria na capital portuguesa, o que levou à sua expulsão da escola e proibida de dar aulas na Escola Preparatória Paula Vicente, além de não se conseguir inscrever noutro estabelecimento de ensino público.

Para sobreviver, começou a escrever sob pseudónimo na revista “Modas & Bordados”, vivendo clandestinamente em vários locais do país, com identidade falsa, durante a ditadura de Salazar com o seu companheiro José Dias Coelho a partir de 1966.

Margarida Tengarrinha também ficou conhecida pela falsificação de documentos, tal como conta no seu livro “Memórias de uma Falsificadora”, editado em 2018, além de ter sido redatora dos jornais “A Voz das Camaradas” e “Avante!”.

Depois do seu marido ter sido assassinado a tiro pela PIDE, Margarida Tengarrinha foi viver para Moscovo, na União Soviética, onde trabalhou diretamente com Álvaro Cunhal entre 1962 e 1964.

A sua vida seguiu um novo rumo para Bucaresta, na Roménia, tendo sido editora da rádio clandestina Portugal Livre.

Em 1968 regressou para Portugal, vivendo em Lisboa, Porto e Vila Real e voltando a trabalhar nos jornais do PCP como “A Terra” e “Avante!”.

Depois da Revolução dos Cravos a 25 de abril de 1974 regressa a Lisboa e começa a trabalhar na definição da política do PCP para a reforma agrária, tornando-se também membro do Comité Central.

Entre 1979 e 1983 foi eleita deputada pelo Algarve, regressando ao Algarve em 1986 para a Praia da Rocha.

Em 2016 recebeu o prémio Maria Veleda da Direção Regional de Cultura do Algarve.

Ao longo da sua vida publicou vários livros como “Samora Barros: Pintor do Algarve”, “Da memória do povo: recolha da literatura popular de tradição oral do concelho de Portimão” e “Quadros da Memória”, além de ilustrações para as obras “Um Algarve outro, contado de boca em boca: estórias, ditos, mezinhas, adivinhas e o mais, texto de Glória Marreiros” e “Leonor Leonoreta : ensaio de ternura : novela poética, texto de Filipe Chinita”.

Como artista plástica, expôs trabalhos no Museu de Portimão.

Deixa duas filhas, Teresa e Margarida.

Até ao momento não existem informações acerca das cerimónias funebres.

O JORNAL do ALGARVE endereça os seus sentimentos à família e amigos de Margarida Tengarrinha, que concedeu uma entrevista em abril de 2021.

- Publicidade -
spot_imgspot_img

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.