Falta de especialidades leva à morte de doentes

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A recusa de um médico do transporte de doentes urgentes por helicóptero do INEM, que terminou com a morte de uma mulher de 37 anos em Faro, provocou uma onda de choque e indignação. Mais uma vez, a frágil situação dos serviços de saúde no Algarve volta à ordem do dia, já que estes casos podiam ser evitados com mais especialistas e valências médicas na região. O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) reconhece que não tem o número desejado de profissionais de saúde no quadro, tendo, por isso, que recorrer a serviços externos. O pior é que, “em casos extremos isso pode traduzir-se no falecimento de doentes”, como já aconteceu no passado e, provavelmente, continuará a acontecer no futuro

O caso da mulher de 37 anos que acabou por morrer no hospital de Faro, após um médico do INEM ter resistido à sua transferência para Lisboa, voltou a colocar o dedo numa das feridas mais difíceis de sarar no Algarve: a falta de especialidades básicas para salvar vidas nos hospitais da região!

O episódio remonta a abril de 2017, mas só agora foi dado a conhecer através da divulgação das chamadas efetuadas entre o médico e o CODU. Nas chamadas, é possível escutar o médico António Peças, do helicóptero do INEM, a questionar repetidamente a urgência de um transporte solicitado pelo hospital de Faro. A doente, que sofria de aneurisma, acabou por morrer, apesar de a médica do INEM que estava de serviço no CODU de Lisboa ter tentado convencer o médico a transportar com urgência a paciente do hospital de Faro para o hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, já que no Algarve não há a especialidade de cirurgia vascular.

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Casos graves sucedem-se no Algarve

Já em dezembro de 2015, um homem de 74 anos acabou por morrer depois de ter sido transferido de Faro para Coimbra, e – mais grave – depois de ter sido alegadamente recusado no S. José em Lisboa. O idoso de Faro, que tinha sofrido um AVC, acabou por morrer em Coimbra.

O Centro Hospitalar do Algarve realizou um inquérito, que acabou por ser arquivado, mas, seis meses depois, o Tribunal de Contas detetou múltiplas falhas na assistência ao doente de 74 anos.

“A auditoria realizada identificou falhas de organização e de procedimento na assistência ao doente que implicaram perdas de tempo de cerca de 15 horas”, refere o relatório. E tudo isto aconteceu porque, mais uma vez, o Algarve não dispõe de especialidades, equipamentos, nem meios humanos habilitados para prestar os cuidados necessários a estes doentes.

Contactado pelo nosso jornal, uma fonte da administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (que inclui os hospitais de Faro, Portimão, Lagos e o Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul), admite que é forçado a transferir doentes para os hospitais de fora da região sempre que não tem as valências necessárias.

Ao mesmo tempo, o CHUA reconhece não ter “o número desejado de profissionais de saúde no quadro, tendo por isso, como muitos hospitais nacionais, que recorrer à contratação externa de serviços médicos”.

Ausência de valências pode resultar na morte de doentes

A inexistência de valências importantes nos hospitais públicos da região algarvia tem sido amplamente denunciada nos últimos anos no Algarve…

(NOTÍCIA COMPLETA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE – NAS BANCAS A PARTIR DE 17 DE JANEIRO)

Nuno Couto|Jornal do Algarve

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