Não às portagens na Via do Infante
Está a aproximar-se o dia D para a introdução de portagens na Via do Infante. Dia 15 de abril ficarão colocados os dez pórticos para a respetiva cobrança, que deverá iniciar-se imediatamente depois. E de nada parecem valer os protestos dos autarcas, dos empresários e dos cidadãos, porque este governo é obsessivo nas suas ideias e tem a memória curta. Esquece-se depressa das promessas que faz. Afirmou-se repetidamente que não seriam introduzidas portagens na Via do Infante enquanto não houvesse uma estrada alternativa. Mas a nacional 125 continua a ser aquilo que é, uma rua cheia de rotundas e de perigos para os automobilistas que fazem dela uma das estradas mais mortais da Europa, e o governo, indiferente aos protestos, dá o dito por não dito e prepara-se para brindar os algarvios com uma taxa de circulação que pode vir a custar mais de 395 euros por mês, antes mesmo de estar concluída a denominada obra de requalificação da 125 que, no entanto, nunca conseguirá fazer desta estrada uma alternativa. Para além das consequências negativas que a introdução das portagens terá ao nível da economia regional, particularmente do turismo, no contexto de uma região fronteiriça, como a nossa, onde do lado espanhol se vai continuar a circular até Madrid sem qualquer custo, há outros aspetos que não podem deixar de ser, também, ponderados. Falamos dos dramas pessoais que a intensificação do tráfico na 125 vai trazer, de novo, à ordem do dia, com o inevitável aumento do número de acidentes mortais e de uma verdade que vale a pena continuar a agitar; o facto de esta estrada se designar SCUT, por ter sido concebida “sem custos para o utente”.
O governo conhece, aliás, todas as estas razões, mas ignora-as. A redução do défice tudo justifica, menos acabar com o despesismo do Estado e mexer no bolso dos especuladores – veja-se o caso do aumento dos combustíveis. Uma vergonha! – e dos que continuam a enriquecer em tempo de crise.
Mesmo parecendo difícil esta causa, pelo ideário que sempre nos norteou e pelo bairrismo que tem sido bandeira de luta do Jornal do Algarve ao longo dos seus 54 anos de existência, penso que não devemos baixar os braços. A hora continua a ser de luta. Por isso, devemos mostrar toda nossa indignação e protestar por todos os meios legítimos ao nosso alcance, numa só voz, unidos numa só vontade; a de dizer não às portagens.
Juntemo-nos à Comissão de Utentes da Via do Infante, passemos o protesto de boca em boca. Mobilizemos os jovens. Recorramos às redes sociais – Facebook e Twitter. Outras batalhas mais difíceis já se venceram. É preciso acreditar que podemos vencer esta!