O despertar da juventude
Afinal os nossos jovens também sabem assumir os seus direitos de cidadania e fazer ouvir a sua voz. As manifestações realizadas pela “Geração à Rasca” no passado sábado, nas principais cidades do país e nas ilhas – com mobilizações nunca dantes vistas, em Lisboa com mais de 200 mil pessoas e no Porto, com cerca de 80 mil, num total de 300 mil manifestantes em todo o país, incluindo os seis mil que se juntaram na capital algarvia – só constituiram, certamente, surpresa para os que não esperavam uma tão grande capacidade de reação e autonomia dos jovens face aos partidos políticos.
Apesar das palavras de Cavaco Silva, apelando ao “sobressalto cívico”, a mobilização dos jovens foi feita através das redes sociais, especialmente do Facebook, e a magnitude do protesto teve o seu epicentro no grande descontentamento de uma geração com um futuro cada vez mais adiado, sem perspetivas de emprego nem de vida.
A partir de agora, estamos certos que nada será como dantes. Afinal, os nossos jovens não estão acomodados. Sabem o querem e sabem lutar pelos seus direitos. Aquilo a que se assistiu no passado sábado em todo o país foi uma coisa linda, sobretudo pela forma ordeira e pacífica como os jovens – que muitas vezes só são lembrados por certos comportamentos violentos – exprimiram a sua enorme revolta.
Ao aproximar-se o 37.º aniversário da Revolução de Abril, não podemos deixar de saudar este despertar da nossa juventude.