EDITORIAL – Onda de assaltos

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FERNANDO REIS

O assalto à Escola EB 2/3 de Monte Gordo, na madrugada da passada terça-feira, é mais um de uma série de assaltos a escolas, que se tem espalhado um pouco por todo o país e que aqui no Algarve já atingiu as escolas EB 2/3 Emiliano da Costa em Estoi e a da Mexilhoeira Grande.

O modus operandi é, no essencial, o mesmo e o alvo principal os cofres, que são arrancados a picareta ou cortados a rebarba-dora como aconteceu, agora, em Monte Gordo.

No rasto dos assaltos, o gang deixa marcas de destruição que obrigam ao encerramento das escolas, ficando os alunos sem aulas.

E se tivermos em conta que, normalmente, nestes cofres não existem grandes quantias em dinheiro, no caso de Estoi foram roubados pouco mais de 1500 euros, poder-se-á falar de uma delinquência que causa, por vezes, mais prejuízo com os danos que provoca do que com o aquilo que rouba.

O mais preocupante, no entanto desta onda de criminalidade que se estende, também, a outro tipo de ações, é o crescente grau de violência que lhe está associado.

Há dias, no sítio das Hortas, em Vila Real de Santo António, um comerciante foi assaltado à mão armada e não há muito tempo registou-se uma série de assaltos a residências de estrangeiros, com grande violência física sobre os seus proprietários.

Na semana passada, também, em Monte Gordo um restaurante de praia foi alvo de um assalto que se traduziu em roubo e prejuízo, uma prática que também se tem verificado com alguma frequência naquela praia e que, por mais de uma vez, já atingiu aquele mesmo restaurante

Isto para já não falar nos assaltos a turistas, também cada vez mais frequentes, um pouco por todo o Algarve e que têm suscitado grande preocupação entre os hoteleiros e autarcas.

Apesar de insistirmos nos nossos, ainda assim, baixos índices de criminalidade quando comparados com os de outros países europeus, nomeadamente da vizinha Espanha, o que se constata é que a criminalidade em Portugal e no Algarve em particular, tem vindo a crescer de uma forma muito preocupante nos últimos anos, com grande prejuízo para quem cá vive e para quem nos visita.

A este fenómeno de uma criminalidade crescente e cada vez mais violenta não é alheia a abertura das fronteiras no espaço europeu e a presença entre nós de máfias organizadas, de leste, da Sicília, do Brasil, de Inglaterra e um pouco de todo o lado.

Portugal, país hospitaleiro e de brandos costumes, passou a ser um refúgio de eleição para muitos criminosos estrangeiros e os próprios naturais também têm refinado os seus processos.

E isto acontece, entre outras razões, porque o Estado, ao invés de reforçar o policiamento para responder a este aumento da criminalidade, vem desinvestindo cada vez mais, quer através de uma desvalorização do papel da PSP e da GNR quer da redução drástica do número de efetivos e de esquadras.

Começo a concordar com um amigo meu que vive há muitos anos no Brasil e que vem alertando para o facto de Portugal e da Europa poderem vir a pagar bem caro o facto de não se terem  preparado convenientemente para combaterem este tipo de criminalidade, cada vez mais organizada e sofisticada.
O resultado começa a estar à vista.

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